terça-feira, 29 de outubro de 2019

A CELEBRAÇÃO DE FINADOS - NÃO APENAS MOTIVO DE TRISTEZA




A celebração de Finados é muito importante para  os católicos, pois nela se ora e presta homenagem a todos os entes queridos falecidos.  

Desde o século I os cristãos têm o costume de rezar por seus mortos. Naquele  período, as pessoas iam às catacumbas, como a de Calistode que já falamos neste bloge outros locais de sepultamento para rezar pela salvação das almas dos que partiram, além de recordar sua passagem pela vida terrena. 

A partir do século IV, a Igreja começou a incluir em suas celebrações a "Memória dos Mortos", mas a origem do Dia de Finados remonta ao século XI, com os papas Silvestre II, João XVIII e Leão IX, que recomendavam aos cristãos  dedicarem um dia por ano para rezarem por quem já havia falecido.

A partir do século XII, o Dia de Finados é celebrado pela Igreja Católica em 2 de novembro, um dia após o Dia de Todos os Santos, comemorado no dia 1º de novembro.

A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar a celebração de Finados (Tobias 12,12; Jó 1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46).

Acontecem outras manifestações populares em torno da data: em Juazeiro, no Ceará, há a Romaria de Finados, que se estende durante todo o mês de outubro e termina no dia 2 de novembro. No México, comemora-se de forma muito especial e até festiva o Día de Los Muertos, considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, onde a tradição católica se junta a tradições indígenas, também celebrando os mortos. 

Vale lembrar também que quando oramos pelos fiéis defuntos estamos pedindo para que as almas que se encontram aflitas e esperando consolo enquanto aguardam no purgatório o momento de adentrar aos céus, encontrem o acalento e paz que precisam, e tenham diminuído o tempo em que se encontram sofrendo no purgatório.

Ou seja, ao orarmos durante o dia de finados estamos dando uma demonstração de carinho, amor, afeto e acalento por aqueles que se foram, já que durante esta data a Igreja toda se encontra em orações.

É natural que sintamos alguma tristeza nessa data, mas se nos lembrarmos do texto do Apocalipse que abre este post, bem como dos demais acima citados, nossa esperança no futuro reencontro com os que não estão mais aqui deve ser motivo de alegria. 

Evangelize: repasse este post.


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

AS CATACUMBAS DE CALISTO: UM LUGAR IMPORTANTE PARA OS CRISTÃOS



Nichos para sepultamento nas catacumbas de Calisto
As catacumbas são cemitérios subterrâneos, usados no passado pelas comunidades cristãs e judaicas, especialmente em Roma. As catacumbas cristãs, que são as mais numerosas, originaram-se no segundo século, e foram lugares de sepultura e onde os cristãos reuniam-se para celebrar os ritos fúnebres,  e os aniversários dos mártires e dos defuntos.

Em casos excepcionais, durante as perseguições, serviram também como lugar de refúgio momentâneo para a celebração da Eucaristia. 

Acabadas as perseguições, sobretudo no tempo do papa São Dâmaso (366-384), as catacumbas tornaram-se verdadeiros santuários dos mártires, centros de devoção e de peregrinação de cristãos de todas as partes do Império Romano.

Também existiam em Roma, naquela época, cemitérios ao aberto, mas os cristãos, por diversos motivos, preferiram os cemitérios subterrâneos especialmente por ser  vivíssimo nos cristãos o sentido de comunidade: eles desejavam estar juntos também no “sono da morte”. Além disso, esses lugares eram apartados, permitindo, particularmente durante as perseguições, reuniões comunitárias reservadas e discretas, permitindo o  uso dos símbolos cristãos.

Em conformidade com a lei romana, que proibia o sepultamento de defuntos no recinto fechado pelas muralhas da cidade, todas as catacumbas estão situadas ao longo das grandes estradas e, geralmente, próximas às muralhas.

São Calisto I
Visitadas recentemente por peregrinos de nossa comunidade (foto ao lado), e situadas na Via Appia Antica, as catacumbas de Calisto são as maiores, mais longas e mais complexas das catacumbas romanas. Construídas entre os anos 250 e 300, suas galerias ocupam uma área de mais de 15 hectares, têm mais de 20 quilômetros de corredores e chegam a 60 metros de profundidade.

Essas catacumbas recebem o nome do então diácono  Calisto (Callixtus), a quem o Papa Zeferino nomeou como administrador deste cemitério; Zeferino transformou essas catacumbas no cemitério oficial da Igreja Romana e é por essa razão que encontramos nela a famosa “Cripta dos Papas”. O Papa Zeferino foi sucedido por Calisto, o 16º Papa, vindo a ser posteriormente canonizado.

Conhecida como “o Pequeno Vaticano”, essa área já preservou os restos mortais de 16 papas e de 50 mártires, dentre estes, Santa Cecília. Nove desses Papas foram enterrados  na Cripta dos Papas, incluindo Ponciano, Antero, Fabiano, Lúcio I e Eutiquiano.

Mas a “Cripta dos Papas”, mostrada em imagem ao final deste post,  rapidamente se encheu no século IV; então, novos Papas tiveram que ser enterrados nas catacumbas próximas; inclusive Calisto, depois Papa Calisto I,  está enterrado na catacumba de Calepódio, juntamente com o Papa Julio I. Outros Papas, como Anastácio I e Inocêncio I estão na na Catacumba de Ponciano, e o Papa Bonifácio I na Catacumba de Santa Felicidade.



quinta-feira, 10 de outubro de 2019

SÃO JUDAS TADEU, O SANTO DAS CAUSAS PERDIDAS

São Judas Tadeu foi um dos doze apóstolos de Jesus. Era filho de Cléofas (irmão de São José) e de Maria de Cléofas (irmã de Nossa Senhora); assim, ele era primo de Jesus, com quem se pareceria muito fisicamente. Era também irmão de São Tiago, chamado “O Menor”, e de São Simão, ambos também discípulos de Jesus. O nome Judas significa “Deus seja louvado”.

Alguns estudiosos acreditam ser possível que São Simão fosse o noivo nas Bodas de Caná, onde Jesus operou seu primeiro milagre, transformando água em vinho. São Judas teria presenciado o milagre e esta poderia ter sido a causa de ele ter se tornado discípulo de Jesus. São Judas é o autor da menor carta do Novo Testamento, "A Carta de Judas", texto em que alerta os cristãos para terem cuidado com os falsos profetas.

São Judas viajou muito pregando o Evangelho, não só no atual Israel, sua terra natal (nasceu em Cesaréia de Felipe), mas também nos atuais Líbia, Líbano, Iraque, Turquia e Armênia.

No atual Irã, pregava em companhia de São Simão, tendo obtido um grande número de conversões; em função disso, acabaram martirizados por pessoas incitadas por sacerdotes do zoroastrismo, religião que ali prevalecia. Ele teria sido morto com um machado, razão pela qual frequentemente é representado carregando um desses instrumentos.  Isso teria acontecido em 28 de outubro de 70, razão pela qual 28 de outubro é a data a ele consagrada. 

Santa Brígida (1303-1373) foi uma religiosa sueca, escritora, teóloga, fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, padroeira da Suécia e co-padroeira da Europa. Ela vivia um momento difícil de sua vida e teve uma visão de Jesus, que lhe disse para pedir a intercessão de São Judas Tadeu. 

Foi atendida e passou a divulgar o fato; são tantas as graças alcançadas pela intercessão do Santo que ele é conhecido como o advogado das causas perdidas ou difíceis de serem resolvidas.

  

terça-feira, 8 de outubro de 2019

FREI GALVÃO: O PRIMEIRO SANTO NASCIDO NO BRASIL

Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, filho de Antônio Galvão de França, capitão-mor (governador) da província de São Paulo e  Isabel Leite de Barros, filha de fazendeiros de Pindamonhangaba. O casal teve onze filhos; eram cristãos caridosos, exemplares e transmitiram esse legado ao filho.

Quando tinha treze anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Aos vinte e um anos, Antônio decidiu ingressar na ordem franciscana, no Rio de Janeiro, sendo ordenado em 1762 e transferido para São Paulo, passando a viver no convento de São Francisco.  

Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa; entre suas penitentes estava a irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra.

Irmã Helena era uma mulher de muita oração e de virtudes notáveis; tinha visões que relatava ao frei Galvão. Nelas, Jesus  pedia que fundasse um novo Recolhimento para jovens religiosas, o que era uma tarefa difícil devido a restrições impostas pelo marquês de Pombal (primeiro ministro de Portugal) às ordens religiosas.  Apesar disso, frei Galvão, auxiliado pela irmã Helena, fundou em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência,  hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.

No ano seguinte, morreu irmã Helena. Problemas com as determinações de Pombal não tardaram a aparecer: chegaram ordens para que o convento fosse fechado, mas frei Galvão manteve-o aberto, mesmo desafiando a autoridade do marquês. 

Finalmente, devido à pressão popular, o convento foi autorizado a funcionar e o frei ficou livre para continuar sua obra. Os seguintes quatorze anos foram dedicados à  ampliação do convento e também de sua igreja, inaugurada em 1802.

Quase um século depois, esse prédio tornar-se-ia um "patrimônio cultural da humanidade", por decisão da UNESCO; atualmente abriga também o Museu de Arte Sacra de São Paulo, de que já falamos em outro post, sendo conhecido como "Convento da Luz" - é um local de muito fácil acesso e que merece ser visitado; mais informações sobre o local podem ser encontradas aqui.

Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização para residir no Convento da Luz, onde faleceu  em 23 de dezembro de 1822;  a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado no próprio Convento.

Frei Galvão foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998, e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI; é lembrado em 25 de outubro, sendo o primeiro santo nascido no Brasil.