quarta-feira, 29 de abril de 2020

RELIGIÃO, CIÊNCIA E PSEUDOCIÊNCIA

Pe. Gregor Mendel, agostiniano,
 o Pai da Genética 
Apesar de muitos dizerem que religião e ciência são incompatíveis, isso pode ser facilmente desmentido pelo fato de haver uma grande quantidade de cientistas católicos, sendo alguns santos, além de religiosos e leigos responsáveis por grandes descobertas - imagens de alguns destes cientistas ilustram este post.  Existe inclusive no Brasil a Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC).

No momento que estamos vivendo, nossa confiança deve estar depositada apenas em Deus e no trabalho dos cientistas; tem aumentado exponencialmente o número de curiosos, políticos, gurus e terapeutas de diversas linhas alternativas, nem sempre honestos, que tem proposto a adoção de práticas e remédios para combater a COVID-19; a situação chegou a tal ponto que Donald Trump sugeriu a injeção de desinfetantes, e, o que é pior, alguns seguiram a recomendação e morreram.

Pe. Bartolomeu de Gusmão, 
pioneiro da aviação
Essa explosão de desinformação, que a Organização Mundial da Saúde chama de “infodemia”, chamou a atenção de cientistas sérios que passaram a combatê-la, como o professor Timothy Allen Caulfield, da Universidade de Alberta, no Canadá, que é especialista em questões legais, políticas e éticas ligadas à pesquisa médica.

Para Caulfield, devemos deixar de tolerar a pseudociência (informações mentirosas aparentemente validadas pela ciência) especialmente em universidades e instituições de saúde famosas, como a Cleveland Clinic, de Ohio, que legitimam práticas não científicas como o reiki, que pretende “balancear a energia vital que flui através de todas as coisas vivas”...

Ir. Mary Kenneth Keller, 
pioneira da computação
Também é necessário combater propostas de quiropatas, naturopatas, herbalistas, consteladores, “terapeutas holísticos” e outros, versões modernosas das benzedeiras do tempo de nossas avós, que estão oferecendo produtos e serviços destinados a combater a pandemia – precisamos reconhecer que ajustamentos da espinha dorsal, alinhamentos dos chakras, injeções de vitaminas e práticas similares são absolutamente inúteis para esse fim. 

Talvez essas coisas possam funcionar como placebos e aliviar a tensão dos doentes, mas em termos práticos atrapalham o desenvolvimento da pesquisa científica séria e confundem as pessoas leigas, ao misturar conceitos díspares como física quântica, células tronco e outros.

Pe. Landell de Moura, jesuíta,
pioneiro do rádio e do telégrafo
Em tempos onde há pessoas que são contra vacinas ou negam que o clima está mudando, pode parecer difícil combater a desinformação gerada pelos algoritmos que governam as redes sociais e por celebridades de diversas áreas não ligadas à ciência e que acabam divulgando pseudociência.

Esperemos que um dos legados da pandemia seja o reconhecimento de que tolerar a pseudociência pode fazer muito mal a todos, além de aumentar nossa confiança em Deus, pois só Ele, iluminando os cientistas e nos guiando,  poderá livrar-nos desse mal. 

domingo, 26 de abril de 2020

O CARDEAL VAN THUAN - UMA VIDA EXTRAORDINÁRIA

Francisco Xavier Nguyen Van Thuan nasceu em 17 de abril de 1928 na cidade de Hue, no Vietnã. 

Seu avô materno era um mandarim, um alto funcionário do governo; era sobrinho do arcebispo de Hue, Pierre Martin Ngo Dình Thuc.

Muito jovem foi para um seminário, tendo sido ordenado em 1953; após seis anos de estudos em Roma, foi nomeado reitor do seminário Hoan Thien, em sua cidade natal; em 1967 foi ordenado bispo da diocese de Nha Trang. 

Eram tempos muito difíceis para o Vietnam: depois de invadido pelo Japão durante a 2ª Guerra Mundial, o país foi dividido em dois: o Vietnã do Norte, governado por comunistas e o Vietnã do Sul, do qual seu tio Ngo Dình Diem foi o primeiro presidente.

Logo, iniciou-se uma guerra entre os dois Vietnãs, com a intervenção de outros países e quase 1,5 milhões de mortos. Em 1975, seis dias após Van Thuan ser nomeado Arcebispo Coadjutor de Saigon, capital do Vietnã do Sul, a cidade foi tomada pelos comunistas, que o prenderam: ficou na prisão durante treze anos, dos quais nove numa solitária. 

Na prisão, conseguiu enviar mensagens a alguns fieis, escritas em pequenos pedaços de papel. Essas mensagens acabaram sendo reunidas em um livro chamado "O Caminho da Esperança"; ainda na prisão, escreveu "Orações da Esperança" - esses livros foram publicados por vietnamitas que conseguiram fugir do regime comunista. 

Deixou o presídio em 1988, mas foi mantido em prisão domiciliar até 1991, quando foi enviado a Roma, mas proibido de retornar. Exerceu diversos cargos na estrutura do Vaticano, e em 2001 tornou-se Cardeal, falecendo em Roma em 16 de setembro de 2002, após uma longa enfermidade. 

Como mostra de sua importância para a Igreja, João Paulo II pediu-lhe que pregasse o retiro espiritual da quaresma para a cúria romana no ano de 2000.

Em 16 de setembro de 2007, cinco anos após sua morte, a Igreja iniciou processo de beatificação, que pode levá-lo à canonização - mais informações sobre o Cardeal e esse processo podem ser obtidas aqui.  

Um interessante vídeo sobre Van Thuan pode ser visto aqui.

É oportuno lembrar que Van Thuan recebeu o nome de Francisco Xavier em homenagem ao santo do mesmo nome (1506-1552), que foi um missionário, co-fundador da Companhia de Jesus. 

A Igreja diz que São Francisco Xavier foi quem converteu mais pessoas desde São Paulo - exerceu sua atividade missionária especialmente na Índia e Japão, sendo chamado "O Apóstolo do Oriente". 

Morreu a 3 de dezembro de 1552, numa humilde esteira de vime, abraçado ao crucifixo que seu velho amigo Santo Inácio de Loyola tinha lhe oferecido.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

A COMUNHÃO ESPIRITUAL E SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

Estamos vivendo como nunca havíamos imaginado:  devemos permanecer isolados  e isso provoca uma reviravolta em nossas vidas.

Não podemos realizar as nossas atividades costumeiras, como trabalhar, encontrar parentes e amigos  etc.

Nestes dias, além dos cuidados com o vírus e o atendimento às pessoas necessitadas, talvez a medida mais importante seja cuidar de nossa saúde mental e espiritual. 

A Comunhão, sem que o percebamos, é um instrumento para manutenção de nossa saúde mental e espiritual. Não podermos recebe-la é uma situação dolorosa, e a imensa maioria de nós está sem comungar há muitos dias. Isso representa uma forma de solidão e pode levar ao risco de distanciarmo-nos de Deus.

Estar privado da Comunhão, como acontece com a falta do alimento corporal, provoca na alma os mesmos sintomas da fome: fraqueza, desânimo etc. 

Para enfrentarmos essa situação,  podemos fazer a comunhão espiritual, que “consiste em um desejo ardente de receber Jesus Sacramentado e em um trato amoroso com Ele como se já o tivéssemos recebido”, como ensina Santo Afonso Maria de Ligório.

A comunhão espiritual pode ser feita a qualquer hora e lugar, porque consiste num ato de amor; basta dizer de todo o coração o que nos sugere o mesmo Santo Afonso: "Creio, ó meu Jesus, que estais no Santíssimo Sacramento; eu Vos amo e desejo muito receber-Vos, vinde ao meu coração; eu Vos abraço; não Vos ausenteis de mim". 

Cada um de nós pode realizar a comunhão espiritual sem necessidade de se restringir a uma oração específica; podemos, por exemplo, manifestar o desejo de recebê-lo em nossa alma, como fazemos antes do momento da Comunhão na Missa: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. 

Não nos esqueçamos também de colocar nas mãos de Deus os pedidos que tenhamos no coração: pelo Papa, pela Igreja, pelos Sacerdotes, por nossos familiares e parentes, pelos doentes, pelos idosos, pelas pessoas mais necessitadas etc.

Mas é importante lembrar o que nos ensina o Padre Alberto, nosso Reitor: nada substitui a Comunhão Eucarística! Devemos voltar a ela tão logo possamos retomar nossas atividades normais.

Apenas para ficarmos um pouco mais informados: Santo Afonso Maria de Ligório foi um bispo italiano que se destacou como escritor, filósofo  e teólogo. Foi o fundador da Congregação do Santíssimo Redentor (os chamados "redentoristas") dedicada  à pregação de missões populares e ao atendimento dos mais desfavorecidos. 

Morreu em 1787, aos 90 anos; foi canonizado em 1839 e em 1871, proclamado Doutor da Igreja - é dos autores católicos mais lidos e também o padroeiro dos confessores.

domingo, 19 de abril de 2020

SANTA MARIA EGIPCÍACA - DA VIDA EM PECADO À SANTIDADE

As poucas informações que temos sobre Santa Maria Egipcíaca, também conhecida como Santa Maria Egípcia ou Santa Maria do Egito vem do livro "Vida de Santa Maria do Egito", escrito por São Sofrônio

Ela nasceu no Egito, tendo vivido aproximadamente entre os anos 344 e 422. Aos doze anos foi viver em Alexandria, uma grande cidade, onde passou a dedicar-se à prostituição; São Sofrônio relata que fazia isso não apenas por dinheiro, mas também buscando os prazeres da carne. 

Vivia assim há dezessete anos quando viajou
para Jerusalém, fazendo parte de um grupo de peregrinos - afirmava que esperava encontrar entre os peregrinos mais parceiros para a sua luxúria e viver aventuras. Em Jerusalém, seguiu vivendo como de hábito.

São Sofrônio conta-nos que, certa vez, quando Maria tentava entrar na  Igreja do Santo Sepulcro (foto ao lado, mostrando a entrada da igreja e grupo de peregrinos do Santuário) uma força invisível a impediu. Consciente de que isso aconteceu por causa de seu impureza, sentiu um forte arrependimento e, ao ver uma imagem de Nossa Senhora fora da igreja, rezou implorando perdão e prometeu renunciar ao mundo.

Mais tarde tentou de novo entrar na igreja, e desta vez conseguiu. Depois de venerar a relíquia da Cruz de Cristo que era ali guardada, regressou à imagem de Nossa Senhora em ação de graças, tendo escutado uma voz que lhe dizia "Se cruzares o Jordão, encontrarás um glorioso descanso". De imediato dirigiu-se para o mosteiro de São João Batista na margem do rio Jordão, onde recebeu a comunhão.

Na manhã seguinte cruzou o Jordão e retirou-se para o deserto onde viveu o resto da sua vida como uma eremita. Segundo a lenda, levou para si apenas três pães (símbolo da Eucaristia) e viveu do que podia encontrar na natureza.



Aproximadamente um ano antes da sua morte, após cerca de 47 anos de solidão, contou a sua vida a São Zózimo da Palestina, que se tinha encontrado com ela no deserto, por acaso - ele fora para o deserto para passar uma parte da Quaresma, como era comum naquela época. Este, quando a viu, notou que ela estava completamente nua e quase irreconhecível como ser humano. Maria pediu a Zózimo o seu manto para se cobrir e contou-lhe a história da sua vida. Esse episódio é reproduzido em uma pintura na basílica de Assis, Itália.

Combinaram encontrar-se de novo na Quinta-feira Santa do ano seguinte, quando Zózimo lhe levaria a Comunhão. No ano seguinte, Zósimo foi para o lugar onde se encontraria com ela, a vinte dias de viagem do seu mosteiro, e aí a encontrou morta.

De acordo com uma inscrição  na areia ao lado da cabeça, tinha morrido na mesma noite em que tinha recebido a Santa Comunhão, tendo seu corpo sido preservado incorrupto. Zózimo, segundo a lenda, enterrou-a com a ajuda de um leão do deserto. No regresso ao mosteiro, relatou a historia de Maria aos irmãos, tendo esses fatos chegado mais tarde a São Sofrônio.


Santa Maria do Egito é representada como uma anciã de cabelos brancos e pele escurecida pelos longos anos no deserto, nua ou coberta pelo manto de Zózimo. Aparece muitas vezes com os três pães que levou para o deserto.

Há uma capela dedicada a Santa Maria do Egito na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, lembrando o momento da sua conversão.


Ela é venerada como a patrona das mulheres penitentes, tendo sua vida inspirado o surgimento de diversas casas mantidas por religiosas que se destinavam a acolher mulheres que deixavam a prostituição.

É lembrada por nossa Igreja no dia 22 de abril, como um exemplo de que é possível abandonar uma vida de pecado e voltar-se para Deus - Maria disse a S. Zózimo que, depois de sua vida de pecadora tinha como objetivo "se entregar virginalmente ao Divino Esposo".

EM 23 DE ABRIL LEMBRAMOS SÃO JORGE

São Jorge nasceu na Capadócia, região que atualmente faz parte da Turquia, por volta do ano de 275. 

Filho de pais cristãos de origem grega, era militar, membro da Guarda Pretoriana, unidade de elite responsável pela segurança do Imperador romano. 

Quando o imperador Deocleciano baniu o cristianismo, Jorge recusou-se a abandonar a fé, tendo por essa razão sido executado no dia 23 de abril de 303. 

A devoção a São Jorge espalhou-se rapidamente, sendo ele o padroeiro de diversos países, como Inglaterra, Etiópia, Sérvia e outros e de muitas cidades, como por exemplo Londres, Barcelona e Gênova.  Organizações como os escoteiros, a cavalaria do Exército Brasileiro e o Corinthians também o tem como patrono.  

Há uma lenda, ligando São Jorge a um dragão - evidentemente é apenas uma lenda: ele passava por uma cidade da Líbia, onde  existia um dragão, cujo hálito venenoso podia matar toda uma cidade, e cuja pele não poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. 

Um eremita lhe disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só restando a filha do rei que seria sacrificada no dia seguinte. 

Ao ouvir a história, Jorge resolveu intervir: foi procurar o dragão, que ao vê-lo saiu da caverna onde vivia, sendo morto pela lança de Jorge. A foto ao lado é de uma estatua que fica na igreja da Natividade, em Belém - foi feita por peregrinos de nosso Santuário que lá estiveram.

Em 1969 aconteceu uma reforma do calendário litúrgico, que tornou  a observância do dia de São Jorge  facultativa, e não mais  universal. 

Essa reforma retirou do calendário os santos a respeito dos quais não havia documentação histórica, mas apenas relatos orais;  tal expurgo, porém, não atingiu o santo da Capadócia. Falava-se, naqueles tempos, em "cassação de santos"; porém, o fato da festividade de São Jorge ter se tornado opcional não queria dizer que não fosse mais reconhecido como santo. 

No entanto,  São João Paulo II, em 2002, reafirmou São Jorge como figura de primeira instância,  o que conferiu nova relevância ao Santo, que é comemorado em 23 de abril, aniversário de sua morte.



EM 19 DE ABRIL, LEMBRAMOS SANTO EXPEDITO

Expedito era  militar, era um centurião da 12ª Legião do Exército Romano. Servia na cidade armênia de Metilene, onde teria nascido. 

Levava uma vida devassa; mas um dia, tocado pela graça de Deus, viu uma grande luz, e entendeu que deveria se converter. Foi então que lhe apareceu o demônio,  em forma de corvo, e lhe disse “cras...! cras….! cras….!” expressão latina que quer dizer: “amanhã…! amanhã…! amanhã…!. O Espírito do Mal queria dizer a Expedito deixe para amanhã! Não tenha pressa! Adie sua conversão! 

No ano de 284 Deocleciano subiu ao trono de Roma e promoveu terríveis perseguições aos cristãos, incentivado por membros de sua família; somente no ano de 324, quando Constantino subiu ao trono cessaram as perseguições.

Mas no dia 19 de abril de 303, Expedito foi martirizado por ser cristão, tendo sido decapitado em Metilene, onde vivia. Além dele, outros cinco soldados foram mortos no mesmo dia. 

Em São Paulo, muito próximo à Estação da Luz, e portanto com acesso muito fácil, fica a igreja de Santo Expedito, sede da Capelania Militar da Arquidiocese de São Paulo.

Vizinho à igreja, fica o Museu de Arte Sacra, de que já falamos em outro post e é outro local que merece uma visita. 



quinta-feira, 16 de abril de 2020

DOM FULTON SHEEN - UMA GRANDE FIGURA DE NOSSA IGREJA

Em recente encontro que manteve conosco através do Facebook, o Padre Alberto, nosso Reitor, citou várias vezes Dom Fulton  Sheen, um personagem que devemos conhecer um pouco melhor.

Dom Sheen foi um sacerdote americano, nascido em 1895, mais tarde bispo e arcebispo. 

Foi um grande teólogo e professor da Catholic University of America, ao mesmo tempo que era pároco em Washington, função que só deixou em 1951, quando ordenado bispo.

Tornou-se muito conhecido como comunicador, tendo mantido durante 20 anos (1930-1950) o programa "A Hora Católica", na NBC, uma das mas importantes cadeias de rádio dos Estados Unidos.

Logo a seguir passou a manter programas em rede nacional de TV, que lhe renderam inúmeros prêmios, entre os quais o Emmy, por duas vezes - foi nessas ocasiões considerado a mais importante personalidade da TV americana. 

Mesmo após sua morte, ocorrida em 1979, seus programas gravados em vídeo continuaram a ser veiculados pela TV. Há vários livros de sua autoria que, se lidos, nos ajudarão a crescer na fé. 

Em seus programas e escritos fez uma série de afirmações acerca das quais julgamos importante refletir, dentre essas: 
  • "muitos católicos permitem que práticas pagãs, como divórcio e novos casamentos sejam introduzidos na família"
  • "não faltam os chamados líderes operários católicos que recomendam comunistas para o Congresso"   
  • "os católicos influenciam  o mundo menos do que o mundo os influencia"
  • "os cristãos "devem perceber que um momento de crise não é um momento de desespero, mas de oportunidades"
  • "quanto mais pudermos antecipar o destino, mais poderemos evitá-lo"
  • "uma das surpresas no céu será ver quantos santos foram feitos em meio ao caos, à guerra e à revolução"
  • "as forças do mal estão unidas; as forças do bem estão divididas"


Em 2002 foi iniciado o processo para sua canonização. 

No YouTube estão disponíveis diversos programas de Dom Sheen, alguns deles legendados. 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

NOSSA SENHORA, PADROEIRA DE PORTUGAL E SÃO NUNO DE SANTA MARIA

Portugal foi uma monarquia até 1910.

Havia lá uma tradição interessante: desde 1640, quando Dom João IV subiu ao trono, os reis de Portugal não usavam coroa.

A tradição teve origem quando na cerimônia em que assumiu o trono, no momento em que recebeu a coroa, João recusou-se a colocá-la na cabeça, e ao invés   disso, colocou-a ao pés de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, declarando-a “Rainha de Portugal” e “Guardiã da Coroa” - a partir daí,   os reis subsequentes nunca mais usaram a coroa,  sendo que a mesma, em ocasiões solenes, era apenas posta sobre uma almofada, ao lado direito do rei.

Diz a tradição que aquela imagem foi encomendada na Inglaterra por Dom Nuno Álvares Pereira para ser colocada na Igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, em ação de graças pela vitória dos portugueses na guerra contra os castelhanos, que queriam dominar aquele país. 

Dom Nuno era o Condestável (comandante do exército) de Portugal. Foi uma figura notável: extremamente rico e poderoso, após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita, tendo entrado nessa ordem 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto. 

Tomou o nome de Irmão Nuno de Santa Maria e ali permaneceu até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431 (dia de Todos-os-Santos), aos 71 anos, rodeado pelo rei e pela família real.  Em 2009 foi canonizado como São Nuno de Santa Maria  pelo Papa Bento XVI; é lembrado no dia 6 de novembro.

Quanto ao Convento do Carmo, situado no centro de Lisboa, sua igreja foi destruída pelo terremoto de 1755, sendo suas ruínas um dos pontos mais visitados de Portugal, como mostram as imagens abaixo.



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terça-feira, 7 de abril de 2020

A PÁSCOA CHEGOU

Para os judeus, a data da Páscoa correspondia à primeira lua cheia da primavera. Para nós que vivemos no hemisfério sul, corresponde à primeira Lua cheia de outono.

O termo Páscoa, em hebraico Peshah, significa “passagem”. Muito antigamente pastores nômades passavam com seus rebanhos das pastagens de inverno para as da primavera, nessa época, celebravam  uma festa - é a origem da Páscoa na cultura judaica.  

Mais tarde,  a Páscoa passa a ter um novo significado: comemorava-se a  passagem da escravidão no Egito à liberdade, no tempo de Moisés.  

Depois, durante a Páscoa dos judeus, Jesus morre e ressuscita. E a Páscoa assume, para nós cristãos um novo significado: trata-se da “passagem” da morte para a vida, conforme a carta de Paulo, que é proclamada durante a Vigília Pascal: “Irmãos, não sabeis que todos que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pois pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6, 3-4).

Apesar de estarmos vivendo tempos muito difíceis, celebremos com alegria a Páscoa da Ressurreição. Com a Igreja inteira, proclamemos que Jesus Cristo ressuscitou e está vivo entre nós! A vida triunfou sobre a morte, o perdão sobre o ódio, a graça sobre o pecado, a misericórdia sobre a dureza de coração, a esperança sobre o desespero.

Feliz Páscoa a todos.






sexta-feira, 3 de abril de 2020

SÃO MIGUEL ARCANJO E A PESTE

No ano de 590 uma epidemia assolou Roma, tirando inclusive a vida do Papa Pelágio II, que tinha 60 anos. 

Seu sucessor foi o Papa Gregório (ao lado), mais tarde conhecido como São Gregório Magno, um grande intelectual que teve uma educação refinada, Doutor da Igreja, venerado não apenas por nós católicos, mas também por ortodoxos, anglicanos e luteranos. Gregório foi o primeiro papa a ter sido monge antes do pontificado, seu trisavô foi o Papa Felix III.

Foi um período difícil para os romanos. Quando o Papa Gregório foi eleito, logo organizou uma enorme procissão ao redor da cidade, convidando a todos a rezar a Deus pelo fim da praga. 


A procissão seguia seu trajeto pela cidade quando São Gregório chegou ao mausoléu do imperador Adriano, uma enorme construção e teve uma visão que lhe trouxe paz à alma; como diz a tradição "Então o Papa viu um anjo do Senhor no alto de um castelo, limpando uma espada ensanguentada e embainhando-a. Gregório entendeu que aquilo colocaria fim à peste, como, de fato, aconteceu. Desde então, o castelo passou a se chamar Castel Sant' Angelo (Castelo do Santo Anjo).

Mais tarde, uma imagem de São Miguel Arcanjo limpando sua espada foi colocada no alto do Castelo, o que continua sendo uma recordação da misericórdia de Deus e de como Ele respondeu às súplicas do povo.

Continuemos a pedir a Deus que nos proteja. 

Quanto ao Castelo é, atualmente, um museu cujo nome oficial é Museo Nazionale di Castel Sant’Angelo. 

quinta-feira, 2 de abril de 2020

AS SETE PALAVRAS DE CRISTO NA SUA PAIXÃO

A crucificação de Jesus Cristo é narrada nos quatro evangelhos, dando-nos um quadro completo do que ocorreu e registrando as frases que Ele proferiu naquela ocasião. 

É uma tradição antiga da Igreja que pregadores nos falem sobre o tema, de forma a que possamos refletir e mergulhar na espiritualidade dessas frases, que são conhecidas como as "Sete Palavras".

Primeira Palavra: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34)

Pai – é o mais suave título de Deus. Nessa hora extrema, Jesus bem poderia invocá-Lo chamando-O Deus. Percebe-se, entretanto, claramente a intenção do Redentor: quis afastar, dos que o condenaram, a severidade do Juiz Supremo, pedindo a Sua a misericórdia a eles. 

É a primeira “palavra” que Seus lábios pronunciam na cruz, e nela já encontramos o perdão. Perdão pelos que Lhe infligiram diretamente seu martírio. Perdão que abarca também todos os outros culpados: os pecadores. Nesse momento, portanto, Jesus pediu ao Pai também por cada um de nós.

Embora não houvesse fundamento para perdoar a ingratidão do povo e o ódio dos algozes, a inveja e ódio dos príncipes e sacerdotes, tão infinita foi a Caridade de Jesus que Ele diria ao Pai: “porque não sabem o que fazem.”

Segunda Palavra: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23, 43)

A cena não podia ser mais pungente. Jesus se encontra entre dois ladrões. Um deles faz jus à afirmação da Escritura: “Um abismo atrai outro abismo (SL 41,8). Blasfema contra Jesus, dizendo: “Se és Cristo, salva-te a ti mesmo, e salva-nos a nós” (Lc 23, 39).

Enquanto esse ladrão ofende, o outro louva Jesus e admoesta seu companheiro, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres do mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que merecemos por nossos crimes, mas este não fez mal algum” (Lc 23, 40-41).

São palavras inspiradas, nas quais transparecem a santa correção fraterna, o reconhecimento da inocência de Cristo, a confissão arrependida dos crimes cometidos. São virtudes que lhe preparam a alma para uma ousada súplica: “Senhor, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” (Lc. 23, 42).

Ao referir-se a Jesus enquanto “Senhor“, Dimas, um dos ladrões, reconhece-O como Redentor. Tal gesto lhe fez merecer de Jesus este prêmio: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43).

Terceira Palavra: Jesus disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo que estava ao pé da cruz: “Eis aí tua Mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” (Jo 19, 25-27)

Essas palavras foram ouvidas por Maria Madalena, Maria, mulher de Cleófas, Maria Santíssima e João, o evangelista.

É arrebatador constatar como Jesus no auge da dor, expressou o carinho de um Deus por sua Mãe Santíssima, e concedeu o prêmio para o discípulo que abandonara seus próprios pais para segui-Lo: receberá muito. (Mt 19, 29).

É perfeita e exemplar a presteza com que João assume a herança deixada pelo Divino Mestre: “E dessa hora em diante, o discípulo a levou para a sua casa” (Jo 19, 27), cuidando de Maria até o fim de sua vida, como já contamos em outro post

Quarta Palavra: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste? (Mt 27, 45)

Jesus clama em alta voz, mas não profere uma queixa, nem faz uma acusação. Deseja, por amor a nós, fazer-nos entender a intensidade de seus tormentos. Assim podemos adquirir uma clara noção de quanto pesam nossos pecados e de quanto devemos ser agradecidos pela Redenção.

Mas a Natureza, reconhecendo a monstruosidade do que acontecia, reagiu: “cobriu-se toda a terra de trevas” … (Mt 27, 45).

Quinta Palavra: “Tenho sede” (Jo 19, 28)

Quando Jesus disse essas palavras, os soldados, vendo um vaso cheio de vinagre que havia por ali, embeberam uma esponja, “e fixando-a numa vara, chegaram-lhe à boca” (Jo 19, 28-29).

Cumpria-se assim o versículo 22 do salmo 68: “Puseram fel no meu alimento; na minha sede deram-me vinagre para beber.”

E como podemos aliviar esse sofrimento de Jesus?

Podemos de alguma maneira aliviar pelo menos esse tormento de Jesus? Sim, compadecendo-nos d’Ele com amor e verdadeira piedade, e apresentando-Lhe um coração arrependido e humilhado.

Devemos querer ter parte nessa sede de Cristo, almejando a nossa própria santificação, com redobrado esforço, de modo a não pensar, desejar ou praticar algo que d'Ele nos afaste. 

Sexta Palavra: “Tudo está consumado” (Jo 19, 30)

Jesus morrera. Todas as profecias haviam se cumprido, conforme nos diz Santo Agostinho: a concepção virginal (Is 7, 14); o nascimento em Belém (Mq 5, 1); a adoração dos Reis (Sl 71, 10); a pregação e os milagres (Is 61, 1; 35, 5-6); a gloriosa entrada em Jerusalém no dia de Ramos (Zc 9, 9) e toda a Paixão (Isaías e Jeremias).

Consumado também estava o edifício da Igreja. Este iniciou-se com o batismo no Jordão, onde foi ouvida a voz do Pai indicando seu Filho muito amado, e se concluiu na cruz, na qual Jesus adquiriu todas as graças que serão distribuídas até o fim do mundo através dos sacramentos. 

Sétima Palavra: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito” (Lc 23, 46)

Estabeleceu-se na Igreja, desde os primórdios, o costume de encomendar as almas dos fiéis defuntos, a fim de que a luz perpétua os ilumine.

Jesus, porém, não tinha necessidade de encomendar sua alma ao Pai, pois desde o primeiro instante de sua existência, ela encontrava-se unida à natureza divina na pessoa do Verbo. 

Mas, Jesus aguardava sua ressurreição para logo. Ao entregar ao Pai a vida que d’Ele recebera, sabia que ela Lhe seria restituída no tempo devido.

Com reverência tomou o Pai Eterno em suas mãos a vida de seu Filho unigênito, e com infinito comprazimento a devolveu, no ato da ressurreição, a um corpo imortal, impassível e glorioso. Abriu-se, assim, o caminho para a nossa ressurreição, ficando-nos a lição de que ela não pode ser atingida senão pelo calvário e pela cruz. 

Reflitamos sobre tudo isso.