segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

SÃO LUIS: UM SANTO QUE FOI UM GRANDE REI

São Luís nasceu na França em 1214, filho 
do rei Luís VIII e da rainha Branca de Castela. Tornou-se rei aos 12 anos, com a morte do pai; sua mãe foi a regente até que chegasse à maioridade, quando assumiu o governo como Luís IX. 

Teve muitos problemas como governante - uma longa guerra contra a Inglaterra e revoltas dos nobres, que desejavam poder absoluto, sem subordinação ao rei; teve sucesso, conseguindo resolver esses problemas.

Foi um rei reformador e lançou as bases da justiça real francesa, na qual o rei era o juiz supremo, a quem qualquer pessoa podia apelar quando se jugasse injustiçada, e introduziu o conceito de presunção de inocência nos processos criminais - os acusados passaram a ser considerados inocentes até que houvesse provas em contrário. 

Era admirado por seus súditos e por toda a Europa como um rei extremamente justo. Chegava a ficar várias vezes na semana sob um carvalho no Castelo de Vincennes ouvindo os apelos e pedidos de seus súditos de todas as classes.

Suas ações foram inspiradas nos valores cristãos, sendo ele um homem extremamente devoto da fé católica, punindo a blasfêmia, jogos de azar, juros extorsivos e prostituição. Construiu inúmeros hospitais, leprosários, orfanatos e escolas e era famoso pela sua caridade e cuidado com os pobres e doentes.

Casou-se com a rainha Margarida da Provença em 1234 e com ela teve onze filhos, dentre os quais o rei Filipe III, que o sucedeu.

Os descendentes de São Luís chegaram a quase todos os tronos da Europa e América - os imperadores brasileiros dele descendiam, assim como todos os atuais monarcas europeus.

Em todas as épocas posteriores da história da França, marcada por conflitos, guerras e revoluções, seu governo foi lembrado com nostalgia pelos franceses que usavam as expressões "o bom tempo de meu senhor São Luís" ou como o "século de ouro de São Luís", deixando uma imagem imensamente positiva aos olhos da história e do imaginário popular francês.

Buscando resgatar os lugares santos, participou da 7ª Cruzada; nela sofreu uma derrota militar e ficou preso durante 5 anos ; depois de solto empenhou-se na 8ª Cruzada, durante a qual adoeceu (tifo ou escorbuto) e morreu no norte da África em 25 de agosto de 1270. A imagem ao lado é uma gravura de Gustave Doré que mostra seu aprisionamento.

Foi canonizado pelo Papa Bonifácio VIII em 1297; é lembrado no dia 25 de agosto.

No Brasil, é o padroeiro da Arquidiocese de São Luís do Maranhão.

domingo, 6 de dezembro de 2020

SÃO DAMIÃO DE MOLOKAI: DEU A VIDA PELOS LEPROSOS

O padre Josef de Veuster-Wouters foi canonizado em 11 de outubro de 2009, passando a ser chamado São Damião de Molokai.

Nasceu em 3 de janeiro de 1840, numa pequena cidade ao norte de Bruxelas, na Bélgica. Aos 19 anos entrou para a Ordem dos Padres do Sagrado Coração e tomou o nome de Damião.

A vida de Damião começou a mudar quando completou 21 anos de idade e estudava em um seminário em Paris. Um bispo do Havaí, arquipélago do Pacífico, estava em Paris, buscando missionários para sua diocese. 

O bispo expunha os problemas daquela região e falava dos doentes de lepra, que eram confinados em uma ilha chamada Molokai - na época, a doença era incurável.

Damião logo se colocou à disposição para ir como missionário à ilha. Ainda não fora ordenado, mas estava disposto a insistir que o aceitassem na missão rumo a Molokai.

Escreveu ao superior da Ordem, que, inspirado por Deus, permitiu a sua partida. Assim, em 1863 Damião embarcava para o Havaí, logo após ser ordenado.

Chegando ao Havai, Damião logo se dirigiu a Molokai, junto com outros três missionários. A situação era terrível, os leprosos não tinham como trabalhar, roubavam uns dos outros e matavam-se por um punhado de arroz.

Naquele local o padre imediatamente começou a trabalhar: recuperou o cemitério, com frequência ia à capital, comprar faixas, remédios, lençóis e roupas para todos. Nesse meio tempo, escrevia para os jornais, falando dos horrores da ilha de Molokai. 

Essas notícias se espalharam e abalaram o mundo, e alguma ajuda começou a surgir - um médico que contraíra a lepra ouviu falar de Damião e viajou para a ilha a fim de ajudar.

No tempo que passou na ilha, Damião construiu uma igrejinha de alvenaria, onde passou a celebrar as missas - a foto ao lado, de 1870, mostra-o com as crianças do coro da igrejinha. 

Também construiu um pequeno hospital, onde, ele e o médico cuidavam dos doentes mais graves. Dois aquedutos completavam a estrutura sanitária tão necessária à vida daquele povoado.

Porém a obra de Damião abrangeu algo mais do que a melhoria física do local, ele trouxe nova esperança e alívio para os doentes. Já era chamado apóstolo dos leprosos.

Numa noite de 1885, Damião colocou o pé esquerdo numa bacia com água muito quente. Percebeu que tinha contraído a lepra, pois não sentiu dor alguma - a lepra torna partes do corpo insensíveis. Haviam passado cerca de dez anos desde que ele chegou à ilha e, milagrosamente, não havia contraído a doença até então. Com o passar do tempo, a doença o tomou por inteiro.

O doutor já havia morrido quando, em 15 de abril de 1889, padre Damião morreu. Em 1936, seu corpo foi transladado para a Bélgica, onde recebeu os solenes funerais de Estado. 

Um verdadeiro exemplo de fé, caridade e amor ao próximo!

Em 2005, o Padre Damião foi eleito o "maior belga de todos os tempos" numa votação organizada pela televisão do pais.