segunda-feira, 24 de junho de 2019

A CELEBRAÇÃO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Em 29 de junho celebramos os Apóstolos São Pedro e São Paulo cuja grande importância para a Igreja faz com que lhes devamos um culto especial.
A solenidade de São Pedro e São Paulo é muito antiga, mais antiga mesmo que a celebração do Natal, Na antiguidade, as festas dos santos eram celebradas em seus túmulos ou na proximidade deles, havendo registros de que no  século III   São Pedro era celebrado na Via Aurélia e São Paulo na Via Ostiense, ambas em Roma, onde foram enterrados - estão na imagem acima produzida no século IV em uma catacumba romana.
Antigamente, acreditava-se que a morte dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano, na data em que atualmente comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com Pedro  crucificado de cabeça para baixo  na colina Vaticana e  Paulo decapitado no local chamado Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia e ao ano desses martírios.


A morte de Pedro pode ter ocorrido em 64 , ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante as perseguições de Nero aos cristãos.

Paulo, antes de sua conversão, se chamava Saulo. Nasceu em Tarso, na província romana da Cílicia, hoje parte da Turquia. Judeu, era da tribo de Benjamim e foi educado conforme os rígidos princípios dos fariseus. Possuía o valioso privilégio de ser cidadão romano e tirava seu sustento da fabricação de tendas. 


Depois de sua conversão retirou-se para o deserto, onde se preparou para sua grande missão; chamado por Barnabé, envolveu-se na organização da Igreja em Antioquia, também na Turquia, de onde ele e Barnabé partiram em missão. Fundava Igrejas e continuava a orientá-las através de cartas que até hoje estão conosco, sendo frequentemente objeto de nossas leituras nas missas.

Os Evangelhos contam-nos em breves linhas o chamado a Simão Pedro. Seu irmão André, depois de passar um certo tempo com Jesus, encontra-se com Simão e anuncia-lhe: “Encontramos o Cristo”. Em seguida, leva-o até Jesus que, olhando para ele, diz: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!", que quer dizer Pedro (Jo 1,40-42). Mais tarde disse-lhe: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). A palavra Cefas ou Pedro, além de rocha, significa também rochedo escavado e abobadado, como uma gruta que serve para descanso, refúgio e abrigo dos fugitivos em época de invasões, guerras e perseguições. Serve também para abrigar os pobres que vivem ao relento.

Porque São Pedro foi o primeiro Papa, a Igreja passou a celebrar, no dia de sua festa, o Dia do Papa, por quem devemos orar nesses tempos turbulentos.
Pedro e Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre. Vamos segui-los!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

AS INDULGÊNCIAS, UM TEMA POUCO CONHECIDO

O tema das indulgências é um dos menos conhecidos entre nós católicos.

O  Catecismo da Igreja (CIC) afirma que  “pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (CIC, §1498). 

Papa Paulo VI (canonizado em 2018) dizia que a doutrina e o uso das indulgências, vigentes na Igreja Católica há vários séculos, encontram sólido apoio na revelação divina, desenvolvendo-se na Igreja sob a assistência do Espírito Santo.

O site da CNBB traz texto de Dom Eurico Santos Veloso, à época Arcebispo de Juiz de Fora, tratando do assunto - o atual Arcebispo é Dom Gil Antonio Moreira, que já foi nosso bispo e esteve recentemente em nosso Santuário.


No texto, Dom Eurico nos diz que de   acordo com o Manual das Indulgências aprovado pela Santa Sé e publicado em 1990 pela CNBB “indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos".  

Ou seja, tendo o fiel se reconciliado pelo Sacramento da Penitência, em  perfeita contrição, sem nenhum afeto ao pecado, e cumpridas as demais condições, o fiel recebe graças especiais (para si ou para irmãos que padecem no purgatório) para a remissão de algum “resquício do pecado”.  Dom Eurico lembra ainda que "a indulgência é parcial ou plenária, conforme liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados”.

Nos primeiros séculos da Igreja, as penitências eram muito severas: por exemplo, quem blasfemasse deveria ficar na porta da igreja durante a missa, por sete domingos; no último domingo deveria ficar no mesmo lugar sem capa e descalço -  nas sete sextas-feiras precedentes, jejuava a pão e água, sem poder durante todo esse período entrar na igreja. Também era comum a auto flagelação. 

Essas pesadas penitências, e outras até mais severas, tinham por objetivo extinguir no penitente os resquícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador.

Com o passar do tempo, num gesto de clemência, a Igreja abrandou essas práticas, substituindo-as por outras a como a recitação do Santo Rosário ou de orações diversas, jaculatórias, atos de piedade, peregrinações etc.

Infelizmente,  a corrupção sempre buscou espaço  no coração dos homens e no seio das instituições. E na Igreja não foi diferente, principalmente no período da Renascença (aproximadamente entre 1350 e 1550)   em que houve forte influência da cultura pagã nas artes, em detrimento de tudo o que deveria  conduzir à elevação da pessoa em seu todo.  

Foi nesse ambiente  que o papa Leão X, em 1514,  estabeleceu que  indulgências  seriam concedidas aos fiéis vivos e àqueles que estão no Purgatório, explicitando que seriam concedidas a “qualquer cristão que recebesse os sacramentos e desse esmola”.
Isso levou a situações em que, membros da Igreja, atingidos pela corrupção, passassem a exigir dinheiro de fiéis para que estes recebessem indulgências, o que nunca foi condição para a obtenção das mesmas. Como dizia o célebre teólogo e monge beneditino dom Estevão Bettencourt,  “quando a Igreja indulgenciava a prática de esmolas, não tencionava dizer que o dinheiro produz efeitos magníficos, mas queria apenas estimular a caridade ou as disposições íntimas do cristão para que conseguisse libertar-se das escórias remanescentes do pecado”.
De qualquer forma, a postura desses corruptos acabou sendo uma das causas do então monge agostiniano Martinho Lutero ter abandonado a Igreja, dando início ao protestantismo; Lutero também não aceitava alguns ensinamentos de nossa Igreja.  
Na atualidade,  para obter as indulgências, tanto plenárias como parciais, é preciso que,  o fiel esteja em estado de graça, que tenha a disposição  do completo afastamento do pecado,  se confesse sacramentalmente, receba a Santíssima Eucaristia e cumpra as condições estabelecidas, como por exemplo adoração ao Santíssimo Sacramento, visitar cemitérios ou determinadas igrejas, fazer certas orações etc. 
Tudo isso pode ser visto com mais detalhes no portal Últimas Graças

quarta-feira, 19 de junho de 2019

SÃO OTTO DE BAMBERG - MISSIONÁRIO E ADMINISTRADOR

Otto nasceu em 1060 ou 1061  em uma família nobre de Mistelbach na Alemanha. Como era costume na época, seu irmão mais velho herdou as propriedades do pai e Otto foi enviado para estudar em um mosteiro, preparando-se para a vida religiosa. 

Entrou para o serviço do imperador Henrique IV em 1090, ocupando altos cargos no império. Em 1102 o imperador designou-o bispo  de Bamberg, também na Alemanha; naquela época, os governantes tinham o poder para nomear bispos, que na época tinham um poder muito grande, já que eram também responsáveis pela administração civil de suas dioceses - eram verdadeiros príncipes, e Otto um dos mais importantes da Alemanha. 

Otto, que não concordava com o poder dos governantes para nomear bispos, apenas assumiu a posição após o Papa Pascoal II confirmar a nomeação em 1106. Esse poder persistiu durante muito tempo, tendo provocado graves problemas, inclusive no Brasil.

Naquele período o imperador e o Papa entraram em conflito,  tendo Otto  tido um um papel muito importante na pacificação. Mais tarde,  o novo imperador Lothar também teve problemas sérios com a poderosa família Hohenstaufen, e Otto, mais uma vez, teve papel importante na solução desses problemas. 

Era um homem que levava uma vida muito frugal; além de suas responsabilidades políticas e administrativas, desempenhadas de forma muito eficiente, Otto desenvolveu também um trabalho pastoral exemplar, destacando-se sua atividade missionária na Pomerânia. 

A Pomerânia é uma região situada no norte do que hoje são Alemanha e Polônia. Era uma região praticamente selvagem,  com a maioria da população ainda pagã; missionários poloneses e italianos tinham atuado na área, sem sucesso. 

Otto foi enviado para a região pelo Papa e pelo  duque polonês  Bolesław III, que governava a Pomerânia. Seu trabalho na região foi tão eficiente que acabou sendo conhecido como o  "Apóstolo da Pomerânia"; ao voltar para Bamberg havia convertido um grande número de pomeranos, inclusive tendo enviado sacerdotes de sua diocese para trabalho na área, que como fruto de seu trabalho foi transformada em diocese no ano de 1140, após sua morte que aconteceu em 1139.


Seu sucesso é atribuído à sua generosidade, modéstia e sermões inspiradores; consta que teria batizado mais de 22 mil pessoas e construído 11 igrejas; vários milagres são atribuídos à sua intercessão.  

Foi sepultado na abadia de Michaelsberg, em Bamberg, fundada por ele; as fotos mostram a abadia e sua tumba.

Foi canonizado em 1189 pelo Papa Clemente III; sua memória é celebrada no dia   2 de julho. 

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A FESTA DE CORPUS CHRISTI

Corpus Christi,  expressão latina que significa Corpo de Cristo,  é uma comemoração litúrgica católica que ocorre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes

Um dos principais eventos dessa data é uma procissão - é o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas.

Nessa data, agradecemos e louvamos a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é a fonte e o centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

A origem da comemoração de Corpus Christi remonta ao século XIII. O futuro papa Urbano IV, na época ainda o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège, na Bélgica, foi informado que a freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon teve visões de Cristo, que lhe disse desejar que   a Eucaristia fosse celebrada com destaque.

Mais tarde, por volta de 1264, na cidade de Bolsena (Itália), ocorreu um milagre: um sacerdote,  celebrante da Santa Missa, no momento de partir a Sagrada Hóstia, viu  sair dela sangue, que empapou o corporal (pano onde se apoiam o cálice e a patena durante a Missa). Urbano IV, já papa, determinou que esses objetos  fossem levados a Orvieto, onde se situava a sede do papado,  em uma grande procissão, que aconteceu em 19 de junho de 1264 - essa  foi a primeira procissão de Corpus Christi de que se tem notícia.  

A partir daí, o costume de se realizar procissões nessa data espalhou-se pelo mundo. Em muitas cidades portuguesas e brasileiras  é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa.  

Atualmente o Código de Direito Canônico  determina aos bispos diocesanos que tomem providências para que a procissão ocorra sempre que possível, "para testemunhar publicamente a adoração e a veneração da Santíssima Eucaristia".