AS INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS

A palavra indulgência, segundo o dicionário Aurélio, vem do verbo indulgenciar, sinônimo de perdoar. 

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, consequências dos pecados”.

Exemplificando: um menino desobedece ao seu pai, que lhe pediu para não jogar bola dentro de casa, e quebra a janela. Arrependido, pede perdão. Seu pai o perdoa, mas há uma consequência: deve pagar pelo vidro que  quebrou. A mãe e os irmãos do menino decidem ajuda-lo, com a permissão do seu pai, a pagar a dívida.

Assim também, o pecado confessado é perdoado, mas fica uma pena que deverá ser paga. Nossa Mãe, a Igreja, nos ajuda a pagar essa pena com as indulgências, que têm base sólida na doutrina católica, e, como disse Paulo VI, “se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo”. Paulo VI publicou a Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina que trata do assunto e que pode ser vista na íntegra aqui.

Segundo a Igreja, pode-se ganhar uma indulgência plenária  a cada dia, para si mesmo ou para as almas que estão no purgatório, devendo-se para isso escolher uma das seguintes atividades:

Seguir o caminho da Via-Sacra: nela recordamos e meditamos acerca da paixão e morte de nosso Senhor. Para aqueles que não puderem fazê-lo fisicamente, o Manual das Indulgências da Santa Sé afirma que "os legitimamente impedidos poderão ganhar a indulgência com uma piedosa leitura e meditação da Paixão e Morte do Senhor ao menos por algum tempo, por exemplo, um quarto de hora".

Afirma também que, "conforme o costume mais comum, o piedoso exercício consta de quatorze leituras devotas, a que se acrescentam algumas orações vocais. Requer-se piedosa meditação só da Paixão e Morte do Senhor, sem ser necessária a consideração do mistério de cada estação".

Oração do Terço: a ser feita com devoção em uma igreja, oratório, no seio da família, em uma comunidade religiosa  ou em um grupo de fiéis. Vale lembrar que rezar o terço em família é uma grande bênção e uma bela prática para este tempo litúrgico.

Adoração Eucarística: a ser feita por pelo menos meia hora.   A adoração de Jesus Cristo, Deus e verdadeiro homem, é a nossa resposta ao amor que Ele tem por cada um de nós, assim como o reconhecimento de nossas fraquezas diante dele.

Ler ou ouvir a leitura da Bíblia por pelo menos meia hora.

Além da execução de ao menos uma dessas atividades, para receber a indulgência plenária é preciso também cumprir com três condições: confessar-se, receber a Santa Comunhão e orar pelas intenções do Papa. Esta oração, diz o Vaticano, "é deixada à escolha dos fiéis, mas se sugere um  Pai-Nosso e uma Ave Maria.

O Vaticano também afirma que "as três condições podem ser preenchidas em dias diversos (em aproximadamente 20 dias no máximo), antes ou após a realização de uma das atividades; mas convém que a comunhão e a oração nas intenções do Papa se façam no mesmo dia em que se realiza a atividade”.

O Vaticano diz também que com uma só confissão sacramental, pode-se  obter várias indulgências plenárias, mas para cada indulgência plenária é necessária uma comunhão e as orações nas intenções do Papa.

A Quaresma é um tempo propício à busca dessas indulgências. 

  

A IMPOSIÇÃO DAS CINZAS

Na quarta feira de  cinzas, dando início à Quaresma, realizou-se em nosso Santuário a cerimônia de imposição das cinzas.

Nela, o Padre Aberto e os Ministros traçaram uma cruz na testa dos fiéis, utilizando-se para isso as cinzas produzidas pela queima das palmas bentas no Domingo de Ramos passado. 

No momento em que traça a cruz, o Padre ou o Ministro repete  palavras como "Converta-te e creia no Evangelho" ou "Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás", convidando-nos a refletir sobre o dever da conversão e da penitência, recordando a fragilidade da vida humana e a inexorabilidade da morte.          

O uso da cinza para simbolizar penitência é antigo: os judeus cobriam-se de cinzas em determinadas ocasiões e já os primeiros cristãos faziam o mesmo, colocando  cinzas na cabeça e se apresentando diante da comunidade vestidos com um "hábito penitencial" - isso representava sua vontade de se converter e seu arrependimento.

Em nossa Igreja, o rito atual existe desde o século   IX e, mais uma vez,  serve para recordar-nos que, ao final de nossa vida, só  levaremos aquilo que tenhamos feito por Deus e pelos demais seres humanos.

SANTA MARIA GORETTI

Luigi Goretti e Assunta Carlini tinham 6 filhos, dentre eles uma menina chamada Maria, nascida em 1890. A família era muito pobre, e vivia em   Corinaldo, Itália. Luigi, que trabalhava em propriedades rurais da região, morreu de malária quando Maria tinha 9 anos. 

Em função de sua difícil situação econômica, a família compartilhava uma casa com outra família, os  Serenelli; um dos filhos dessa família, Alessandro, de 20 anos, passou a assediar Maria, que tinha então 11 anos. 

Maria não cedia aos desejos do jovem, até que no dia 5 de julho de 1902, quando Maria  estava costurando e cuidando de sua irmã menor, Alessandro tentou estuprá-la. Maria defendeu-se e ele acabou dando-lhe 11 facadas; sempre rezando, ela tentou fugir, mas o rapaz acabou desferindo-lhe mais 3 facadas e fugiu.

O pai de Alessandro chegou e levou Maria para um hospital, onde ela foi operada, sem anestesia,  mas não resistiu. Antes de morrer  Maria  perdoou seu agressor, dizendo que queria encontrar-se com ele no céu; disse também que anteriormente ele havia tentado estuprá-la várias vezes. Para a comoção de todos, Maria Goretti faleceu no outro dia, fitando uma pintura da Virgem Maria. Era uma criança, com 11 anos de idade, 1,38 m de altura e aparentava estar visivelmente abaixo do peso, além de apresentar sintomas avançados de malária; ao lado, a única foto conhecida de Maria, em que ela aparece alimentando animais em 1902.

Seu assassino foi preso logo depois, julgado e condenado a 30 anos de prisão. Três anos mais tarde ele recebeu a visita do bispo local e manifestou seu arrependimento, dizendo que tivera um sonho com Maria Goretti, no qual ela lhe entregava flores e estas pegaram fogo assim que ele as segurou. Depois escreveu ao bispo agradecendo a visita e pedindo que ele o incluísse em suas orações.

Após sair da prisão, visitou a mãe de Maria, Assunta, e implorou seu perdão. Ela respondeu que como a filha o havia perdoado em seu leito de morte, ela não poderia fazer diferente. No seguinte, ambos foram juntos à Missa, recebendo a Eucaristia lado a lado. Ele foi aceito na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, vivendo em um monastério e trabalhando como porteiro e jardineiro até morrer   em 1970. Referia-se a Maria como "sua pequena santa" e esteve presente na sua canonização.

O Papa Pio Xll, em 24 de junho de 1950, celebrou a canonização de Maria, que se tornou uma das mais jovens santas da Igreja católica. Mais de 500 mil pessoas assistiram a celebração na praça de São Pedro. Foi um momento inesquecível para a história da Igreja, onde todos puderam ver como a misericórdia de Deus pode transformar tudo, inclusive situações  como o assassinato de uma menina de onze anos - sua mãe e 4 irmãos estavam presentes, além do assassino arrependido.

A festa de Santa Maria Goretti é celebrada no dia 6 de julho. Ela é tida como a Santa da castidade, da juventude, da pobreza, das vítimas de estupro, da pureza de coração e do perdão. É representada carregando lírios, sinal de pureza, e com vestes brancas, sinal de sua virgindade.

A ESCADA DE SÃO JOSÉ

As Irmãs de Loretto (Loretto Sisters) são uma congregação nascida nos Estados Unidos e presente também em outros países, dentre eles  Bolivia, Chile, China, Ghana, Paquistão e Peru; são voltadas especialmente à educação de jovens.

Na cidade de Santa Fé, no estado do Novo México, EUA, as irmãs construíram uma capela que fazia parte de uma escola mantida por elas, hoje desativada. A capela estava praticamente pronta quando o arquiteto responsável pela sua construção morreu em 1879, não deixando planos para a construção da escada que ligaria a nave ao coro.

As Irmãs procuraram então carpinteiros da região para construir a escada; todos foram unânimes em afirmar que, face às dimensões da capela, a unica solução seria uma escada similar à que aparece na ilustração ao lado, o que não seria viável por razões de segurança, levando-se em conta a altura e a inclinação que seria necessária.

As religiosas, então, rezaram uma novena a São José para pedir uma solução. No último dia da novena, apareceu um homem com um jumento e uma caixa de ferramentas. Ele aceitou fazer a escada, porém exigiu que pudesse trabalhar com as portas fechadas.

Algum tempo depois a escada estava construída como queriam as Irmãs. No momento de receber pelo serviço, o homem desapareceu sem deixar vestígios. As religiosas puseram anúncios no jornal local e procuraram por toda a região sem encontrar quaisquer notícias ou informações sobre o  carpinteiro. 

Nesse momento as Irmãs perceberam que o homem poderia ser São José, enviado por Jesus.

Há vários elementos que reforçam o mistério que envolve a construção da escada: a madeira utilizada não é da região; também não foram utilizados pregos na escada, apenas pinos de madeira.

Além disso é de estranhar que ela se mantenha em pé pois é do tipo caracol e não tem apoio central. Na verdade, apenas um apoio  lateral metálico foi colocado mais tarde. Diz-se que engenheiros e arquitetos não conseguiram desvendar a física por trás da obra.

Por fim, a escada tem 33 degraus, a idade de Jesus Cristo, o que reforça ainda mais a suposição de um fenômeno de origem sobrenatural.

A Capela recebe em média 200 casamentos e mais de 250 mil visitantes por ano - um desses foi o Padre Alberto, antigo Reitor de nosso Santuário. Ela ficou conhecida como a Escada Milagrosa, tendo um grande número de artigos e programas de TV tratado do assunto, entre os quais um vídeo do History Channel, que pode ser visto aqui.

Aqui se confirma mais uma vez o que está em Mateus 21:22:  "Tudo o que pedirdes com fé na oração,  vós o alcançareis".  

OS SETE PECADOS CAPITAIS

De uma forma bem simples, podemos dizer que os pecados capitais são aqueles muito graves, dão origem a inúmeros outros pecados. Usa-se a palavra "capital" no sentido de maior, mais importante.

        Gregório I

Evagrius Ponticus

A primeira lista de pecados capitais foi publicada no ano de 375 pelo pelo monge grego Evagrius Ponticus  (345-399). No ano de 590, o Papa Gregório I  transformou esse texto em um documento oficial da Igreja.

São Tomás de Aquino (1225-1274) revisou o documento do Papa Gregório, consolidando o assunto, que foi popularizado pela obra "Divina Comédia", do maior poeta italiano, Dante Alighieri, que dizia ser o inferno constituído por sete círculos, cada um destinado aos que cometeram um determinado tipo de pecado.  

 S. Tomás de Aquino

A seguir, listamos esses pecados, sempre com uma menção a um trecho da Bíblia que trata de cada um deles:

Orgulho:  acontece quando alguém se acha superior, desprezando outras pessoas. Também é a falta de reconhecimento de nossa dependência de Deus. A Bíblia diz que os orgulhosos serão humilhados, mas os humildes serão exaltados (2 Samuel 22:28);

Inveja: é uma forma de cobiça. Quem tem inveja não se alegra quando outra pessoa tem algo, quer esse algo só para si. A inveja é egoísta. A Bíblia nos avisa a não ter inveja, mas ficar contentes com o que temos e a nos alegrar com a alegria dos outros (Gálatas 5:26);

Avareza: é o apego doentio às riquezas. A pessoa avarenta acumula riquezas, não gosta de gastar e não quer partilhar com ninguém.   A Bíblia nos ensina a ser generosos, não muito apegados ao dinheiro (1 Timóteo 6:8);

Ira:  é agir de forma cruel ou violenta.  Quem é dominado pela ira   não consegue perdoar  (Romanos 12:19);

Luxúria:  é o desejo desmedido por prazeres de natureza sexual  (1 Coríntios 6:18);

Gula:  é o desejo insaciável por comida e por bebida (Provérbios 23:20);

Preguiça: e a aversão ao trabalho; o  preguiçoso foge às suas responsabilidades (Provérbios 20:13).  

Lembremos que Jesus nos disse que devemos vigiar e orar, para não cairmos em tentação (Mateus 26:40). 

NOSSA SENHORA E A GRUTA DO LEITE

Em Belém, cidade onde nasceu Jesus, há a Gruta do Leite, ponto central da veneração à Virgem Maria sob a denominação de Nossa Senhora do Leite, ou Madonna del Latte, em italiano.

Afirma o evangelista Mateus que, após a partida dos Reis Magos, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a São José e disse: "Levanta, toma o menino, a sua Mãe e foge para o Egito; permanece lá até que eu te avise, porque Herodes procura o menino para o matar. Levantando-se de noite, ele tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito" - Mt 2,13-14. Já falamos sobre a fuga em outro post. 

Diz a tradição que, logo após receber o aviso,  José e Maria tomaram o Menino e saíram de onde estavam e esconderam-se nessa gruta enquanto preparavam-se para a viagem. 

Maria terminava de amamentar o Menino e na pressa de saírem, algumas gotas de seu leite caíram sobre a rocha, que se tornou branca.

Propriedades curativas dessa rocha são conhecidas há mais de mil anos; em particular, a capacidade de fazer vir suficiente leite a mulheres que precisam amamentar ou o auxílio às que não conseguem  engravidar ou conduzir uma gravidez a bom termo - essas mulheres devem tomar pequenas porções do pó dessa rocha. 

Há muitos séculos a gruta foi ampliada e sobre ela construída uma igreja, que em função de guerras e  um terremoto sofreu muitos danos - sucessivas reformas deram ao local seu aspecto atual, conforme pode ser visto neste vídeo (falado em italiano); a foto ao lado mostra a entrada da gruta. 

É mais um sinal de amor que Nossa Senhora nos dá.