quarta-feira, 25 de setembro de 2019

SÃO JERÔNIMO: A ELE DEVEMOS A BÍBLIA COMO É HOJE

É incontestável o grande débito que a cultura e os cristãos têm com este santo de inteligência brilhante. Jerônimo nasceu em uma família rica na Dalmácia, hoje Croácia, ao redor do ano 347. Com a herança dos pais, foi estudar em Roma.

Em Roma foi batizado pelo papa Libério, já com 25 anos de idade. Viajando muito, viveu em mosteiros na França e quase como um eremita   no deserto da Síria, estudando e praticando rigorosos jejuns e penitências, que quase o levaram à morte.  Foi ordenado  pelo bispo Paulino, na Antioquia, em 379, mas percebendo que  não tinha vocação pastoral  decidiu que se dedicaria à reflexão, ao estudo e à divulgação do cristianismo.

Voltou para Roma em 382, chamado pelo papa Dâmaso, para ser seu secretário. Jerônimo foi incumbido de traduzir a Bíblia, do grego e do hebraico, para o latim. A esse trabalho, dedicou quase toda sua vida. O conjunto final de sua tradução da Bíblia em latim chamou-se "Vulgata" e tornou-se oficial no Concílo de Trento - da Vulgata derivam as versões que hoje utilizamos.

Extremamente culto, era capaz de escrever e pensar em latim, em grego e em hebraico. Escritor de estilo rico, puro  e eloquente, era  dono de personalidade e temperamento fortíssimos, frequentemente despertando polêmicas ou apoio entusiasmados. A imagem ao lado reproduz o quadro "Jerônimo escrevendo em seu estúdio" de Peter Paul Rubens; além do material de escrita, aparecem também o leão e a cor vermelha, característica do cardinalato, dignidade que Rubens atribuiu ao Santo. Já falamos de São Jerônimo (e do leão) em outro post, que pode ser visto aqui. 

Devido às intrigas no meio romano, retirou-se para Belém, onde viveu como um simples monge, continuando seus estudos e escritos.  Sua  violência  verbal não poupava  ninguém; teve palavras duras para figuras ilustres da Igreja, como os santos Ambrósio, Basílio e Agostinho, mas sempre na busca da verdade. 

Morreu em Belém  no ano de 420, em 30 de setembro; foi declarado padroeiro dos estudos bíblicos e é celebrado no dia de sua morte, que a Igreja considera o Dia da Bíblia. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

O PENTATEUCO: OS CINCO PRIMEIROS LIVROS DA BÍBLIA


Setembro é o mês da Bíblia, período em que se busca de maneira especial desenvolver o conhecimento da Palavra de Deus e a aplicação desta na vida cotidiana, como tem nos exortado o Papa Francisco. 

Em outubro de 2014, durante a abertura do Sínodo Extraordinário da Família, no Vaticano, Francisco ressaltou que “a Bíblia não é para ser colocada em um suporte, mas para estar à mão, para ser lida frequentemente, a cada dia, seja individualmente ou juntos, marido e mulher, pais e filhos, talvez à noite, especialmente no domingo”.

Nessa linha, vamos falar um pouco sobre os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio - eles formam o chamado Pentateuco e são conhecidos pelos judeus como Torá, que quer dizer a Instrução, a Lei - à esquerda, um exemplar da Torá judaica.

O Gênesis trata da criação do mundo e do homem. Não é um livro de história natural para falar sobre as origens do mundo e da humanidade, mas sim uma apresentação religiosa da relação entre o homem e seu Criador.

Deus quis o homem vivendo no Paraíso, mas por causa do pecado, ele se afastou de seu criador. Neste estado de constante pecado, o mal parece não ter fim e sobrevêm o dilúvio. A partir daí Deus fez a primeira aliança com os homens. O Gênesis também conta a trajetória dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó.

O Livro do Êxodo nos fala sobre a libertação do povo de Deus da escravidão no Egito; Moisés é o escolhido e conduz o povo  até a terra prometida. Neste livro temos a Aliança de Deus com seu povo no Monte Sinai: “Se obedecerdes à minha voz e guardardes a minha aliança, sereis o meu povo particular entre todos os povos” (Ex 19,5). Os Dez Mandamentos são enviados por Deus ao seu povo liberto do Egito. As tábuas da Lei, guardadas na Arca da Aliança, são o sinal visível do pacto entre Deus e o seu povo.

O Levítico foi redigido pelos descendentes de Levi (daí o nome Levítico), que exerciam as funções de sacerdotes e estavam à frente dos cultos. Neste livro está um esboço de Código Civil e de leis morais. Nele também se encontra a Lei de Talião: ”olho por olho e dente por dente”. Na época o costume era vingar  as injúrias e injustiças recebidas. Essa lei foi abolida por Jesus, conforme o Evangelho de Mateus (5, 28-42).

O Livro dos Números recebeu esse nome por causa das importantes listas de números e nomes contidos nos primeiros capítulos. É também uma continuação do Êxodo. Neste período acredita-se que o povo hebreu já estava dividido em 12 tribos, que viviam de forma mais ou menos autônoma, mas que tinham em comum as mesmas crenças, o mesmo culto e a mesma legislação. O livro narra também as lutas dos hebreus contra os povos que se opuseram à passagem deles pelo deserto.

No livro dos Números vale destacar a bênção litúrgica, no capítulo 6, versículos 22 a 27: “O Senhor disse a Moisés: dize a Aarão e seus filhos o seguinte: eis como abençoareis os filhos de Israel: o Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz! E assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e eu os abençoarei”

Deuteronômio é o quinto livro do Pentateuco. O nome significa ‘Segunda Lei’ e é essencialmente religioso e jurídico. No início o livro faz uma exortação à obediência a Deus e à fidelidade às Leis da Aliança. Em seguida trata das questões da adoração e do amor de Deus e da caridade para com o próximo. Uma parte do Deuteronômio é dedicada a uma segunda legislação sobre o culto, as instituições administrativas e a vida social, tudo fundamentado na convicção de que o povo libertado da escravidão por Deus deveria levar uma vida digna deste benefício. No final, o livro apresenta dois discursos que descrevem as bênçãos divinas sobre os israelitas e as maldições que atingirão os pecadores.

Vamos estudar um pouco? 

domingo, 15 de setembro de 2019

SÃO VICENTE DE PAULO, O APÓSTOLO DA CARIDADE


Vicente de Paulo (em francês, Vincent De Paul) foi uma figura extraordinária.  Nasceu em Pouy, França, no dia 24 de abril de 1581 - pertencia a uma família muito pobre.

Na infância foi um simples guardador de porcos, mas estudando muito  foi ordenado aos dezenove anos. 

Em 1605, retornando de uma viagem a Marselha,  o navio em que se encontrava foi atacado por piratas turcos. Vicente foi aprisionado e levado ao norte da África,  onde foi vendido como escravo - "pertenceu" a diversos donos, até que foi vendido a um fazendeiro, antigo católico que, com medo de dos muçulmanos que governavam a região, se convertera ao islamismo. Vicente "reconverteu" o fazendeiro, e em sua companhia fugiu de volta à França em 1607, onde  o "dono" de Vicente acabou por tornar-se monge.

Mais tarde se tornou capelão da rainha da França,   Margarida de Valois,  e em função disso  era encarregado da distribuição de esmolas aos pobres e fazia visitas aos enfermos  em nome da rainha. Todos o admiravam e respeitavam: do cardeal Richelieu, que na prática governava a França à nova rainha, Ana da Áustria, além do próprio rei Luís XIII, que fez questão  de que Vicente de Paulo estivesse presente em seu leito de morte.

Mas quem mais era merecedor da piedade e atenção de Vicente de Paulo eram mesmo os pobres, os menos favorecidos, que sofriam as agruras da miséria.  Quando convenceu o

governo francês de que o povo sofria por falta de solidariedade e de pessoas caridosas para estender-lhe as mãos, o rei nomeou-o Ministro da Caridade; nessa função, organizou um trabalho de assistência aos pobres em escala nacional. Fundou  quatro instituições voltadas para a caridade: a "Confraria das Damas da Caridade", os "Servos dos Pobres", a "Congregação dos Padres da Missão", conhecidos como padres lazaristas, em 1625, e as "Filhas da Caridade", em 1633 - estas são as irmãs vicentinas, que trabalham em nossa cidade há décadas; a foto acima, provavelmente da década de 1940, mostra uma dessas irmãs com a Filhas de Maria da Paróquia de Vila Arens.

Este homem prático, firme, dotado de senso de humor e sobretudo realista, que dizia "amemos a Deus, irmãos meus, mas o amemos
às nossas custas, com a fadiga dos nossos braços, com o suor do nosso rosto", morreu em Paris no dia 27 de setembro de 1660, estando sepultado na capela da Igreja de São Lázaro, em Paris, onde seu corpo permanece incorrupto.

Canonizado em 1737, são Vicente de Paulo é festejado no dia de sua morte, pelos seus filhos e sua filhas espalhados nos quatro cantos do mundo e por toda a sociedade leiga cristã engajada em cuidar para que seu carisma permaneça,  sempre a serviço dos mais necessitados, doentes e marginalizados.

A face mais visível de sua herança está entre nós através das Conferências Vicentinas, de quem já falamos em outro post - existem três delas vinculadas ao nosso Santuário:   Nossa Senhora Aparecida, Santa Cecília e Santa Clara.

sábado, 7 de setembro de 2019

SÃO LUCAS E SEU EVANGELHO

São Lucas representado no "Livro de Horas" do Duque de Berry
Nosso reitor, o Pe. Alberto Simionato recomenda-nos que, neste mês de setembro, estudemos o evangelho de Lucas. 

Acatando essa recomendação, pretendemos neste post falar um pouco de sua vida e obra.

Não há muitos elementos acerca da biografia de Lucas; sabe-se que nasceu em Antioquia, a atual Antáquia, na Turquia. Um documento do século II afirma que "Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade" - teria sido martirizado na Grécia. 

Há outros documentos e tradições que dão informações um tanto quanto divergentes; uma delas afirma que Lucas era também um pintor, tendo retratado   Virgem MariaPedro e Paulo - além dos médicos, é  também o padroeiro dos pintores.  

"São Lucas Mostrando sua Pintura da Virgem Maria" - Guercino,
pintor barroco italiano (1591-1666)
Lucas não teria sido testemunha ocular dos fatos que narra em seu evangelho, embora acredite-se que tenha convivido também com os primeiros discípulos.

O evangelho de Lucas é o terceiro dos quatro; narra a vida e o  ministério de Jesus, desde Seu nascimento até Sua Ascensão. Certas passagens muito populares, como o  Filho Pródigo e o Bom Samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A obra dá uma ênfase especial à oração, à atividade do Espírito Santo, à alegria e ao cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para Sua humanidade e para Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados.

Lucas  divide sua obra em três partes: a primeira termina com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus e a terceira é a vida da Igreja após a ressurreição de Cristo. O livro contém  24 capítulos em que são narradas 24 parábolas e 21 milagres. 

Há consenso entre os estudiosos da Bíblia no sentido de que Lucas escreveu também  os Atos dos Apóstolos, acreditando que seu evangelho e os Atos eram originalmente uma só obra, escrita em dois volumes.

O dia 18 de outubro é dedicado a São Lucas - temos bastante tempo até essa data para atendermos à recomendação do Pe. Alberto; um bom ponto de partida seria uma reflexão acerca de alguns trechos do evangelho de Lucas:

- "Não julgue e não serás julgado, não condene e não será condenado, perdoa e será perdoado" (6,37).

- "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?"  (6,41).

- "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto, porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos" (6,43-44).

Uma boa sugestão de leitura é o livro "Médico de Almas e de Homens", da consagrada escritora inglesa Taylor Caldwell, que levou 46 anos para ser escrito e que, embora seja uma obra de ficção, tem contribuído para a divulgação da vida e da obra de São Lucas.

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domingo, 1 de setembro de 2019

A NOSSA CATEDRAL

Ainda conhecida por muitos como "Matriz", nossa Catedral ganhou esse título em 1966, quando foi criada a Diocese de Jundiaí.

Suas origens remontam a uma capela construída por volta de 1651; não existem imagens desse edifício, mas  em 1865, quando Jundiaí foi elevada à condição de cidade,  já existia uma igreja matriz, em estilo barroco, com duas torres, que é mostrada na foto ao lado, de 1864.

Em 1886, com projeto do famoso arquiteto Ramos de Azevedo, a Matriz foi reformada, ganhando as feições atuais, em estilo néo-gótico. 

Em 1921, nova reforma levou à substituição do  antigo forro de madeira pelas elegantes abóbadas ogivais em gomos, criando o transepto e ampliando duas das capelas laterais. A   decoração interna é obra do pintor italiano Arnaldo Mecozzi (1876 - 1932), que entre outros trabalhos restaurou a residência de verão dos Papas em Castelgandolfo.

Dentre as pinturas, destaca-se a que mostra a fuga da Sagrada Família para o Egito, que está no Presbitério, em cujo teto aparecem também os quatro evangelistas - tudo isso sobre o altar mór de mármore europeu onde estão as imagens da Sagrada Família..

Sobre a porta da Capela do Santíssimo, há um afresco representando os discípulos de Emaús com Jesus Ressuscitado. A representação do Batismo se encontra sobre a Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde funcionava antigamente um Batistério - essas imagens estão mais ao final deste post.


Na entrada do Coro, existe a figura de Santa Cecília, a Padroeira dos Músicos. E, na entrada da Sacristia, uma pintura de ordenação sacerdotal.

O acervo de esculturas existentes na Catedral tem valor artístico e afetivo para toda a comunidade jundiaiense; um destaque especial deve ser atribuído às imagens do Cristo crucificado da Capela do Santíssimo, trazida da França por Antônio de Queiroz Telles, o Conde do Parnaíba, em 1879  e de São José, trazida da Espanha por Mário e Dagmar Borin, em 1952.

Os vitrais também merecem destaque especial. O vitral da fachada principal tem como tema a fuga da Sagrada Família ao Egito, a maioria dos demais vitrais é dedicada a santos. 

Outros bens de valor inestimável da Catedral são os sinos e o órgão de tubos Cavaille-Coll, fabricado na França - uma raridade, também trazido para Jundiaí pelo Conde do Parnaíba. Este órgão necessita ser restaurado, a um custo estimado de R$ 2 milhões.

Na Cripta da Catedral, uma capela subterrânea, estão os jazigos de dom Gabriel Paulino Bueno Couto, dom Roberto Pinarello Almeida e dom Amaury Castanho, antigos bispos de nossa diocese.  



 

NOSSA SENHORA DA SALETTE

A Virgem Maria é invocada também como Nossa Senhora de La Salette (em francês Notre-Dame de La Salette) em função de suas aparições na montanha de La Salette, na França. 

Nossa Senhora apareceu ali a duas crianças, Maximin Giraud, de 11 anos e Mélanie Calvat, de 15 anos, que pastoreavam ovelhas na montanha; era o dia 19 de setembro de 1846. 

As crianças viram uma mulher muito bonita, envolvida numa luz resplandecente, sentada sobre uma pedra, triste e chorando, com o rosto apoiado em suas mãos. A bela senhora pôs-se de pé e disse: "Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade!" 

As crianças se aproximaram da mulher, que não parava de chorar e que se vestia como as mulheres da região: vestido longo, um grande avental, lenço cruzado e amarrado às costas, touca de camponesa. Rosas coroavam sua cabeça, ladeavam o lenço e ornavam seus sapatos. Em sua fronte a luz brilhava como um diadema. Sobre os ombros carregava uma pesada corrente. De uma corrente mais leve, prendia sobre o peito um crucifixo resplandecente, com um martelo de um lado e um torquês do outro.

Nossa Senhora pediu às crianças que dissessem que desejava que fosse criada uma ordem religiosa, a Ordem da Mãe de Deus, que teria como missão pregar a conversão do clero, corrompido por escândalos de pedofilia, sincretismo, apostasia e outras abominações. Além dessa preocupação, a Virgem afirmou que se o povo não adotasse uma nova postura, abandonando o pecado, muitas catástrofes ocorreriam, desde guerras até fome em função de colheitas ruins; tudo isso aconteceu. 

É importante lembrar que São Luís Maria Grignion de Montfort, na sua obra "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria", profetizara os fatos relativos à aparição de Nossa Senhora em La Salette - Um pouco mais sobre esse santo pode ser visto em outro de nossos posts.

Nas proximidades do local das aparição, foi construída a Basílica de Nossa Senhora de La Salette, concluída em 1865, e designada basílica em 1879. A partir da Basílica, os peregrinos podem tomar um caminho que conduz ao local da aparição, o chamado Vale da Aparição. Lá existem estátuas de bronze erguidas em 1864, representando a aparição.

A cruz, com o martelo e o torquês resumem a mensagem da V de semirgem: o martelo simboliza os pecados da humanidade que prega cravos em Jesus crucificado. O torquês simboliza a oração e a conversão - cada vez que um coração se volta para Deus, um cravo é tirado de Jesus crucificado e a humanidade está sempre diante dessas ferramentas. Chorando, Nossa Senhora de La Salette pede que seus filhos escolham o torquês e aliviem o sofrimento de Jesus.

A festa de Nossa Senhora da Salette acontece no dia 19 de setembro. 

EM 15 DE SETEMBRO LEMBRAMOS NOSSA SENHORA DAS DORES

Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Este título em particular refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo.

Essas dores foram:

1. A profecia de Simeão sobre os sofrimentos de Jesus (Lucas, 2, 34-35);

2. A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);

3. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);

4. O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);

5. O sofrimento e morte de Jesus na cruz (João, 19, 25-27);

6. O recebimento do corpo do filho tirado da cruz (Mateus, 27, 55-61);

7. O sepultamento do corpo de Jesus no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).

Nossa Senhora das Dores é representada com um semblante de dor e sofrimento, tendo sete espadas ferindo seu  coração.  

Ela é também representada com uma expressão sofrida diante da cruz, contemplando o filho morto. Ela ainda é representada segurando Jesus morto nos braços, depois de seu corpo ser descido da cruz, inspirando assim a Pietá, uma das mais famosas esculturas do mundo,  obra de Michelangelo que está na Basílica de São Pedro, no Vaticano; a obra foi esculpida entre 1498 e 1499.

Essa escultura inspirou uma designação alternativa a Nossa Senhora das Dores: Nossa Senhora da Piedade. Em nossa Diocese, há uma paróquia dedicada a Ela,  na cidade de Cabreúva, onde há uma imagem do século XVIII.  

Foi aos pés da cruz, que Maria recebeu  a missão de ser a Mãe de todos homens e  Mãe da Igreja, quando Jesus lhe disse: " Mãe, eis aí o teu filho" - a palavra "filho" representa todos os fiéis. Nesse mesmo momento  Jesus disse a São João, que ali representava a todos nós: "Filho, eis aí tua mãe". É por isso que a devoção a Nossa Senhora se reveste de grande importância para todos os cristãos.

O culto a Nossa Senhora das Dores iniciou-se no ano 1221 no Mosteiro de Schönau, na  Alemanha, tendo se popularizado a partir de 1239 através do trabalho dos membros da Ordem dos Servos de Maria, uma ordem profundamente mariana que à época se concentrava em Florença, na Itália.

Foi daí que se originou o hino medieval chamado Stabat Mater Dolorosa (Estava a Mãe Dolorosa), uma versão maravilhosa do qual, com legendas, pode ser vista e ouvida aqui

O hino foi composto no século XIII durante o auge da devoção franciscana ao Jesus crucificado e foi atribuído ao papa Inocêncio III, a São Boaventura, ou mais comumente, a Jacopone da Todi (1230-1306), que é considerado pela maioria como o autor real.