Foi nas abadias de Saint Gallen, na Suíça e de Weihenstephan, Alemanha que se iniciou a produção da cerveja em mosteiros beneditinos.
Sabe-se que em 1040 Weihenstephan teve autorização para fabricar e comercializar cerveja, sendo essa a cervejaria mais antiga do mundo ainda em funcionamento.
Coube à monja e hoje santa beneditina e doutora da Igreja, Hildegard von Bingen (1098-1179) uma inovação na receita da cerveja: ela acrescentou um ingrediente chave para a preservação e aromatização da bebida, o lúpulo.
Hildegard era uma amante da cerveja e grande conhecedora das ervas; sabendo dos efeitos do lúpulo no organismo o acrescentou na cerveja com o intuito também medicinal. Faleceu com 81 anos, uma idade avançadíssima para a época - é provável que a cerveja a tenha ajudado a chegar tão longe.
Em seu livro “Liber Subtilitatum Diversarum Naturarum Creaturarum”, ela descreve as qualidades conservantes que o lúpulo dá à cerveja e descreve também sua capacidade calmante, que contribui para o sono e para o relaxamento do sistema nervoso.
É importante lembrar que não há nenhuma menção à cerveja na Regra de São Bento, embora o santo patriarca tenha escrito um capítulo de sua regra exclusivamente dedicado ao consumo de uma outra bebida, o vinho, bem mais popular na Península Itálica, onde viveu S. Bento.
Trata-se do capítulo 40, “Da medida da bebida”; nele, São Bento permite o consumo moderado da bebida, sem excessos, um quarto de litro por dia.
A cerveja está presente em muitos eventos ligados aos beneditinos: ela tem sido a salvação do mosteiro de Núrsia, na Itália, cidade natal de São Bento (480-547). Esse mosteiro ficou ao menos 200 anos sem monges, pois eles foram expulsos em 1810; apenas foi repovoado por religiosos no ano 2000, a convite do Papa João Paulo II.
O mosteiro sofreu muitíssimo com um terremoto em 2016, restando intacta no lugar, apenas a cervejaria, que está ajudado nas finanças e contribuindo para a construção de um novo mosteiro.
Os monges da abadia de Grimbergen, na Bélgica, encontraram em 2019, nos seus arquivos a receita perdida de uma cerveja que há mais de 200 anos não era fabricada. Isto pelo fato de a abadia ter sido saqueada durante a Revolução Francesa, sendo na ocasião, a cervejaria destruída. A receita foi encontrada acidentalmente e os religiosos testaram-na, obtivendo grande sucesso.
Nos últimos anos alguns mosteiros brasileiros passaram a produzir suas próprias cervejas. O destaque é a premiada “Mosteiro”, do Mosteiro de São Bento de São Paulo, com dois sabores (Red e Golden), lembrando a influência dos monges alemães da congregação. A imagem ao lado mostra a cerveja e outros produtos do mosteiro.
O mosteiro da congregação americano-cassinense de Vinhedo, oferece uma saborosa cerveja, assim como também o Mosteiro de São Bento de Brasília.
Estas bebidas, assim como outras iguarias monásticas, como pães, bolos e biscoitos, podem ser adquiridas em lojas nos próprios mosteiros.
Saúde, mas beba com moderação!