segunda-feira, 28 de maio de 2018

A CONVERSÃO DE SÃO PAULO

A cidade de Tarso era a capital da província romana da Cilícia, uma região montanhosa localizada no sul  da Turquia, banhada pelo mar Mediterrâneo. Tinha sido, durante muito tempo, assolada por piratas; quando estes começaram a atacar também  navios romanos, o Senado de Roma enviou expedições militares à região para acabar com a ameaça. Foi nesse contexto que a República Romana criou a província da Cilícia.
Ali nasceu Saulo, cidadão romano, judeu da tribo de Benjamim. Filho de um membro da seita dos fariseus, Saulo foi criado para ser um zeloso “combatente dos vícios”. Na juventude, viajou para Jerusalém a fim de estudar na escola de Gamaliel e aprofundar-se no conhecimento da lei judaica. Foi quando conheceu o cristianismo, que, na época, era visto pelos judeus como uma seita de fanáticos.
Saulo se tornou um grande inimigo dos cristãos. As Escrituras dão testemunho de que, durante o assassinato de Santo Estêvão, o primeiro mártir da Igreja, Saulo fez questão de segurar as capas daqueles que o apedrejavam. Seu zelo por acabar com o cristianismo brotava da distorcida convicção de estar agradando a Deus: Saulo era um fariseu  violento, privado de discernimento.
O capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos descreve:
“Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos, a Jerusalém, todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina”.
Era algum dia entre os anos 31 e 36 da nossa era. Mal sabia Saulo que essa viagem de caça  aos cristãos lhe reservava a maior “queda do cavalo” de sua vida, para usar uma expressão apropriada ao caso de quem sofre um baque em suas antigas convicções. Aliás, “cair do cavalo” é uma figura de linguagem no caso de São Paulo: as Escrituras dizem apenas que ele “caiu por terra“, mas a tradição popular e muitas obras de arte cristã visualizaram esta cena a partir da pressuposição, bastante plausível, de que ele estivesse mesmo sobre um cavalo durante a viagem a Damasco.
Continua o livro dos Atos dos Apóstolos:
“Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ele ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’. Respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade. Ali te será dito o que deves fazer".
 Em Damasco, Saulo, cego desde o encontro com Jesus,  foi batizado por Ananias, que recebeu de Deus instruções no sentido de procurar Saulo e colocar suas mãos sobre ele, restituindo-lhe a visão.  Ananias inicialmente relutou, depois de ter ouvido falar sobre a perseguição que Saulo movia contra os cristãos, mas, finalmente, decidiu obedecer às determinações do Senhor. 

O agora discípulo de Jesus também muda de nome, passando a chamar-se Paulo. Viajando muito, ele exercerá papel decisivo na difusão do Evangelho de Cristo entre as nações e será reconhecido pelo título de Apóstolo dos Gentios - os judeus chamavam "gentio" àqueles que não eram judeus.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

INCÊNDIO NA IGREJA DE VILA ARENS

O ano de 1927 marcou o início da construção da atual Igreja Matriz de Vila Arens, tendo a inauguração ocorrido em 1934. A nova igreja substituiu a antiga, que ficava na Praça Quintino Bocaiuva, o Largo da Feira - a foto ao lado, do acervo do Prof Maurício Ferreira, mostra a antiga igreja em 1920.

No dia 2 de maio de 1957, um incêndio causou grandes estragos na torre da nova igreja - aluno da Escola Paroquial de Vila Arens, lembro-me dos grossos rolos de fumaça que saiam da torre. O então menino Maurílio Ricetto, à época morador das Pitangueiras, lembra-se do vigário, Padre Alberto Betke, chorando ao seu lado.


O fogo começou por volta de 9h45. Uma grande quantidade de voluntários acorreu ao local, esvaziando a igreja, pois temia-se que o fogo atingisse o resto do prédio. Empresas da cidade (Cica e Argos) que tinham brigadas de bombeiros acorreram em apoio aos bombeiros da cidade, mas foi necessária a ajuda de três guarnições de S. Paulo, que melhor equipadas (inclusive com escada Magirus), auxiliaram no combate ao fogo. Um desses voluntários ficou levemente ferido, tendo sido atendido pelo SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência), órgão que ficava no lado direito na descida da Rua Major Sucupira, após o quartel.

Os padres Paulo de Sá Gurgel, diretor do então Ginásio Divino Salvador e Ditmar Graeter, diretor do Seminário que funcionava no prédio do Divino, disseram acreditar que o fogo iniciou-se com um curto circuito na área do órgão da igreja, tendo as chamas subido pela torre e atingido o relógio, que ficou totalmente destruído, assim como a estrutura de madeira que sustentava os três sinos, que caíram sobre a lage de um dos andares da torre. O sinos, que pesavam 1.500, 800 e 300 quilos ficaram danificados.

Felizmente os danos foram apenas de ordem material, e algum tempo depois foram totalmente reparados. 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

O ATAQUE À IMAGEM DE NOSSA SENHORA APARECIDA

No dia 16 de maio de 1978, durante   a última Santa Missa do dia na atual Basílica Velha em Aparecida, iniciada às 20h, já durante a distribuição da Sagrada Comunhão, às 20h10, ocorreu um blecaute de energia de aproximadamente 2 minutos de duração. 

Rogério Marcos de Oliveira, de 19 anos, aproveitou-se do blecaute,  aproximou-se do nicho onde ficava a imagem, quebrou o vidro protetor e  pegou a imagem, tentando sair da Basílica; a coroa ficou presa no vidro do nicho, a cabeça depreendeu-se e caiu ao chão esfarelando-se. Na rua, Rogério foi alcançado por um guarda e ao desvencilhar-se dele, deixou a imagem cair - ela ficou quebrada em cerca de 200 pedaços (foto acima), que foram  recolhidos e levados, por orientação do Vaticano, ao  Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde o fundador, professor Pietro Maria Bardi, a encaminhou à artista plástica e chefe do Departamento de Restauração, Maria Helena Chartuni.  

Maria Helena (foto ao lado) mergulhou em um intenso trabalho de restauração, que foi concluído em agosto; no dia 19 daquele mês a imagem voltou ao   Santuário Nacional de Aparecida, em um carro aberto do Corpo de Bombeiros; uma multidão lotou o entorno do Santuário Nacional e da Rodovia Presidente Dutra, conforme mostra a foto ao final deste post.  

O atacante sofria das faculdades mentais, tendo antes atentado contra uma imagem de São José, em São José dos Campos; foi internado em um sanatório.  

O fato vem sendo lembrado com uma série de celebrações, acerca das quais nos fala, via Rádio 9 de Julho, o reitor do Santuário Nacional, Padre João Batista de Almeida.  

Resta-nos pedir a Deus que não permita que fatos como esse voltem a acontecer.
  

 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

A IMAGEM DE NOSSA SENHORA APARECIDA SEMPRE FOI NEGRA?

O programa “Religião também se aprende”, da Rádio Aparecida, recebeu uma pergunta de um ouvinte; seu questionamento era sobre a imagem de Nossa Senhora Aparecida encontrada no Rio Paraíba em 1717: afinal, qual é a sua cor original, branca ou negra? 

Segundo o infográfico criado pelo site do Santuário Nacional (muito interessante, deve ser visitado por todos), de acordo com a historiadora Tereza Pasin a imagem de Nossa Senhora Aparecida teria sido esculpida por volta do ano de 1600, provavelmente pelo frei Agostinho de Jesus, que se ocupava em moldar em argila piedosas imagens da Imaculada Conceição que eram pequenas e se destinavam a oratórios domésticos.

O material em que a imagem foi confeccionada é a terracota, um tipo de argila de tom marrom não tão escuro como se vê hoje na imagem. Não se sabe ao certo quanto tempo a imagem passou dentro do Rio Paraíba do Sul; há quem diga que ela era clara e pelo tempo no rio e pela fumaça das velas no oratório tenha enegrecido.

O missionário redentorista padre Lucas Emanuel, ao responder ao ouvinte, enaltece a beleza do mistério de Deus revelado na imagem negra: “Olhamos como Deus está atento as nossas realidades. A imagem apareceu no momento em que havia muitos negros escravos, significa que Deus não concorda com a escravidão e quer que todos nós tenhamos dignidade e liberdade.”

Branca ou negra, o importante é que a imagem simboliza alguém muito importante para todos nós.


quarta-feira, 9 de maio de 2018

O CANTO GREGORIANO - UMA DAS MARAVILHAS DE NOSSA IGREJA

O canto gregoriano, também chamado de cantochão, é um gênero de música vocal   não acompanhada por instrumentos, utilizado no ritual de nossa Igreja.

As características desse genêro musical foram herdadas dos salmos judaicos, cantados nas antigas sinagogas e de musicas das Igrejas cristãs orientais. Até o final da Idade Média, apenas esse tipo de música podia ser utilizado nos rituais da Igreja.

No século VI,  Gregório Magno, mais tarde Papa São Gregório I, selecionou, compilou e sistematizou os cânticos eclesiásticos e diferentes liturgias ocidentais espalhados pela Europa com o objetivo de unifica-los para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja - é   de seu nome que deriva o termo gregoriano.

O Papa Gregório fundou a Schola Cantorum, instituição cuja finalidade era ensinar e aprimorar o canto litúrgico. Mosteiros e abadias de toda a Europa enviavam religiosos para Roma no intuito de adquirir a necessária formação musical para, posteriormente, levar tais ensinamentos para a comunidade local.

Podemos ouvir aqui uma  bela amostra de canto gregoriano: os monges do Mosteiro de São Bento, São Paulo cantam  Puer Natus Est Nobis (O Menino nasceu para nós), com um belo conjunto de imagens de Natal, em cuja missa essa obra é usualmente cantada.

Alias, este Mosteiro merece ser visitado (é fácil chegar até lá usando o Metro); neste link estão os horários onde os monges cantam. É uma experiência maravilhosa; abaixo, vistas do mosteiro e dos monges cantando.


sexta-feira, 4 de maio de 2018

OS CRISTÃOS SÃO IRMÃOS

O recente incêndio no centro de São Paulo praticamente destruiu também a Catedral Luterana, vizinha ao prédio que acabou desabando. A Catedral é um edifício histórico, inaugurado em 1908, com vitrais, pinturas e um órgão de 1946 tubos de grande valor arquitetônico e artístico. Os vitrais foram obras de Conrado Sorgenicht, autor dos vitrais  do Mercado da Cantareira e do Teatro Municipal de São Paulo - um dos vitrais da Catedral está ao final deste post.

Num exemplo de comportamento a ser adotado por todos os cristãos, nosso Cardeal, D.Odilo Pedro Scherer (foto ao lado), Arcebispo Metropolitano de São Paulo, determinou que fossem iniciados contatos com lideranças luteranas para colocar algum templo católico à disposição da comunidade luterana para suas celebrações, enquanto a sua Catedral não for reconstruída.

O assunto começou a ser tratado durante visita que representantes do Cardeal, os Padres Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da Catedral Metropolitana, e  Helmo Cesar Faccioli, Auxiliar da Catedral, fizeram ao pastor Frederico Carlos, da Igreja Evangélica Luterana de São Paulo.

Que Deus permita que atitudes como essa se tornem cada vez mais comuns. 

DA CAPELA PAI MANOEL À PARÓQUIA NOVA JERUSALÉM

A região onde fica a igreja Nova Jerusalém era chamada antigamente Pai Manoel, não sabemos por quais razões. 

Em 1932, foi erguida ali uma pequena capela, que mesmo passando por algumas reformas, ficou muito pequena para as necessidades da comunidade.

Em março de 1968, com sede na capela, foi criada a Paróquia Bom Jesus de Jundiaí. Em agosto daquele mesmo ano, o padre espanhol Jesus Bosco Priante tomou posse como seu primeiro pároco.

Imediatamente começaram os trabalhos para construção de uma igreja, em área próxima à antiga capela, tendo, depois de muito trabalho, a nova igreja sido inaugurada em 23 de março de 1975, um Domingo de Ramos; a foto abaixo, do acervo do Prof. Maurício Ferreira, mostra a igreja em construção em 1972.


Como esse novo local era chamado Nova Jerusalém pelos paroquianos, o segundo Bispo Diocesano de Jundiaí, Dom Roberto Pinarello de Almeida, resolveu, em decreto de 1º de janeiro de 1990, alterar o nome da paróquia, de Bom Jesus, para Nova Jerusalém. Até mesmo o bairro mudou de nome, sendo chamado agora Vila Della Piazza.