sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O USO DO INCENSO NA IGREJA


A palavra incenso tem origem no latim “incendere” que significa acender, queimar.  primeiro exemplo documentado de utilização de incenso vem da China, mais de 2000 anos antes de Cristo; era  composto de ervas e outros vegetais como cássia, canela, styrax, sândalo etc. e empregado em cerimônias religiosas. 

Da China seu uso passou para a Índia e em seguida para o resto do mundo. O comércio de incenso e especiarias como cravo, canela e pimenta tinha uma importância econômica muito grande:  caravanas traziam o produto do Oriente, passando pelo Iêmen e Arábia Saudita até chegar ao atual território de Israel e dai à Europa. 

Os judeus usavam o incenso em suas cerimônias - a Bíblia menciona-o 170 vezes e ele foi adotado pelos cristãos, acredita-se que quatro séculos depois de Cristo. Diz-se que o incenso presenteado pelos Magos a Jesus  representa a fé, simbolizando a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2).

Em nossa Igreja, sua fumaça e seu perfume representam a presença de Deus, a fé que deve nos preencher e as virtudes cristãs. 

A Instrução Geral do Missal Romano, que fixa regras para a celebração da Santa Missa permite o uso do incenso em diversos momentos:


  • durante a procissão de entrada;
  • no início da Missa;
  • antes da proclamação do Evangelho e
  • na preparação das oferendas.

Além disso, o incenso também pode ser utilizado em cerimônias fúnebres,  tanto na igreja quanto em velórios e cemitérios. Também é utilizado na Sexta-feira Santa, quando o Santíssimo está exposto e na Vigília Pascal

Em cada um desses momentos, o turíbulo (vaso que contem o incenso) deve ser balançado três vezes, para representar a Santíssima Trindade. O incenso utilizado na atualidade por nossas igrejas quase sempre vem na forma de grãos  de cor amarelo-acastanhada,  feito a partir de uma resina aromática que provém de árvores da família das bosuélias (boswellias), originária do Oriente.







  



domingo, 21 de outubro de 2018

O MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO - UM LUGAR QUE TODOS DEVEMOS CONHECER


O Museu de Arte Sacra de São Paulo existe desde 1970 e ocupa  a ala esquerda térrea do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na Avenida Tiradentes (metrô Tiradentes).

A parte mais antiga do prédio foi construída em 1774 sob orientação de Frei Antônio de Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que  mantém até hoje. Frei Galvão (1739-1822),  o primeiro santo brasileiro, está sepultado no convento.

O acervo do museu começou a ser formado por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas após a proclamação da República. É muito famoso seu acervo de presépios, destacando-se entre eles o Presépio Napolitano, com  1.620 peças, confeccionado  na Itália no século XVIII.

O acesso  é muito fácil, inclusive por trem - é possível caminhar da Estação da Luz até o Museu. Mais informações podem ser encontradas aqui 

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

SÃO FILIPE NERI E A FOFOQUEIRA

Filipe Néri (Florença, 21 de julho de 1515 — 26 de maio de 1595) era filho de Francesco e Lucrezia Neri, que faleceu quando Filipe ainda era criança. Teve duas irmãs menores, Caterina e  Elisabetta, e um irmão que morreu ainda muito pequeno.

Seu pai tinha grande amizade com os dominicanos, e os frades  do Mosteiro de São Marcos cuidaram da educação de Filipe até os  dezesseis anos foi enviado para trabalhar com um primo de seu pai em San Germano, próximo do Monte Cassino. Trabalhou tão bem que o   primo decidiu torná-lo herdeiro da sua fortuna.  Filipe, porém, preferiu afastar-se dos bens materiais, mudando-se em 1533 para Roma pensando em servir a Deus.

Ali, prosseguiu com seus estudos e foi ordenado. Fundou em 1565 a Congregação do Oratório, hoje Confederação do Oratório (Confoederatio Oratorii Sancti Philippi Nerii), também conhecida como Oratorianos ou Ordem de São Filipe Néri, uma sociedade de vida apostólica para clérigos seculares, sem votos de pobreza e obediência, que se dedicam à educação e às obras de caridade.  

Os últimos anos de sua vida foram marcados pela doença, morrendo aos  79 anos. Foi beatificado pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizado pelo Papa Gregório XV em 1622. Sua festa é celebrada em 26 de maio.

De temperamento muito alegre, é conhecido como "O Santo da Alegria" - usava com frequência a expressão   "longe de mim o pecado e a tristeza!".

Conta-se que ele era o confessor de uma  mulher muito maledicente, fofoqueira. Filipe já aconselhara muitas vezes, mas  ela não deixava o péssimo costume de falar mal dos outros. Percebendo que a mulher não conseguia deixar este vício, resolveu dar-lhe uma lição.

Após ouvi-la em confissão, com a mulher persistindo na maledicência,  como penitência mandou que a mulher, quando matasse uma galinha para comer, pegasse as suas penas, e saísse pela cidade espalhando-as ao vento. Orientou-a a voltar depois que fizesse isso.

A mulher fez o que São Filipe mandou, e voltou a falar com ele, achando que já tinha cumprido a penitência, mas o padre lhe disse: “agora, você vai voltar pelas mesmas ruas onde lançou as penas ao vento, e vai recolher cada uma delas e trazê-las aqui, sem perder nenhuma”. Respondeu a mulher: "padre, é impossível, o vento levou as penas embora...”.

Então Filipe lhe mostrou a gravidade das suas maledicências, que uma vez espalhadas, não podem ser canceladas e fazem muito mal às pessoas... 

É uma lição muito atual, para todos nós...

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O MONGE CEGO E PARALÍTICO QUE COMPÔS A "SALVE RAINHA"

Hermann von Reichenau nasceu na Alemanha no ano de 1013, era filho do Conde de Altshausen.

Nasceu muito frágil, com fenda palatina (lábio leporino),  paralisia cerebral, raquitismo e espinha bífida, uma má formação que o deixou paralítico desde o nascimento. Sua infância foi extremamente difícil, mas seus pais sempre quiseram o melhor para ele - aos sete anos de idade o colocaram em um mosteiro beneditino, onde seria educado e criado; aos 20 anos tornou-se monge. 

Hermann cresceu no mosteiro e, rapidamente descobriu que, apesar de seu corpo estar paralisado, sua mente funcionava extraordinariamente bem. Ele se transformou em um estudioso da astronomia, teologia, matemática, história e poesia. Também era um mestre dos idiomas e chegou a falar árabe, grego e latim, além de sua língua mãe. Foi mestre dos noviços de seu convento.

Mas era ainda mais notável pela sua gentil disposição e por sua devota vida interior. Era muito alegre e apesar dos seus problemas físicos, sempre sorria. 

Mais tarde, ficou cego. Foi então quando começou a compor. Sua mente e seu coração ardiam com o amor de Deus, o que o inspirou a criar alguns dos hinos e orações mais conhecidos de todos os tempos. 

Em particular, Hermann compôs a  Salve Regina (Salve Rainha) e Alma Redemptoris Mater (Mãe Amorosa do Redentor). Ambas estão na Liturgia das Horas da Igreja. A Salve Rainha, particularmente, é uma das orações marianas mais conhecidas da Igreja Católica.
Faleceu em 1054, tendo sido beatificado em 1863.

Homenageemos esse exemplo de vida e santidade lembrando a Salve Rainha em latim e em português: 
Latim
Salve, Regina, mater misericordiae!

Vita, dulcedo et spes nostra, salve!

Ad te clamamus, exsules filii Evae.

Ad te suspiramus, gementes et flentes

in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra,

illos tuos misericordes oculos

ad nos converte.

Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,

nobis post hoc exsilium ostende.

O clemens! O pia! O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Amen.



    Português

Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia!

Vida, doçura e esperança nossa, salve!

A vós bradamos, os degredados filhos de Eva;

a vós suspiramos, gemendo e chorando

neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,

Esses vossos olhos misericordiosos

a nós volvei

e, depois desse desterro,

mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre.

Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,

para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Amém.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

AUMENTA O USO DA BATINA

O jornal "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo, informa que número de sacerdotes diocesanos que estão usando batina é cada vez maior, ao menos na França. 

Um bom exemplo da tendência é o aumento das vendas de batinas: a empresa Arte-Houssard, organização francesa que fabrica a vestimenta, registrou um aumento de 145% entre 1999 e 2016. “Sempre tivemos clientes, principalmente os padres mais tradicionais, aos quais se acrescenta agora a nova geração de sacerdotes que querem ter sua batina”, contou a responsável por uma loja em Paris. 

Uma outra razão para isso, apresentada por sacerdotes, é a visibilidade e disponibilidade que o uso da batina implica: “A clergyman só tem significado para os católicos praticantes. Além disso, a batina é mais visível. Mesmo se eu estiver com um cachecol, ainda dá para vê-la. Eu sou duas vezes mais abordado quando estou vestindo batina”, explicou o Padre Marc-Olivier de Vaugiraud. O Padre David Lamballe conta que várias pessoas o param nas ruas e no metrô pedindo para que ele as confesse: “Para as pessoas, a batina significa que eu estou ‘a serviço’, à sua disposição”, explicou o sacerdote.

Realmente, uma tendência interessante. O falecido padre espanhol Jaime Tovar Patrón, deixou-nos um excelente texto a respeito da importância do uso da batina.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS, A PADROEIRA DAS MISSÕES

Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em 2 de janeiro de 1873, na França. Desde criança tinha uma saúde frágil; sua mãe faleceu quando ela tinha apenas quatro anos - por isso, Marie teve sua irmã mais velha, Paulina, como principal referência.


Paulina, seguiu para o Carmelo, deixando Marie muito triste e doente. Conta-se que um dia a imagem da Imaculada Conceição, pela qual seus pais tinham devoção, sorriu para ela, deixando-a curada. Ela decidiu, então, seguir os passos da irmã e também entrar para o Carmelo.

Ela desejava ingressar na ordem das Carmelitas descalças, mas como só tinha 14 anos não foi aceita. Em uma viagem à Itália, foi corajosa e pediu ao Papa Leão XIII a autorização, que posteriormente lhe foi concedida.

Em abril de 1888, ao iniciar sua missão no Carmelo, adotou o nome de Teresa do Menino Jesus. Sua profissão religiosa aconteceu em setembro de 1890.

Padroeira das missões, seu legado está presente mesmo sem nunca ter saído do Carmelo. Sua compreensão revelava a necessidade de doar-se com amor à Igreja, por isso dizia: “No coração da Igreja, serei o amor”. E que para se tornar missionário não era necessário percorrer longos caminhos, mas apenas que por meio do outro contemplássemos Jesus Cristo com amor.

Ainda muito jovem, por três anos sofreu com tuberculose, que na época não tinha cura. A tradição conta que a Santa chegou a dizer que nunca pensou que sofreria tanto, mas que enfrentaria a doença com paciência, amor e sem reclamar.

Faleceu com apenas 24 anos, no dia 30 de setembro de 1897, em seu convento de Lisieux, França, razão pela qual é conhecida também como Santa Teresa de Lisieux. Em seu leito de morte, as monjas anotavam as palavras ditas por ela. Dizem que sua última frase foi: "Não me arrependo de haver-me entregue ao amor”. E ao olhar fixamente para o crucifixo exclamou: “Meu Deus, eu te amo”.

Teresa foi beatificada em abril de 1923. Sua canonização aconteceu em 17 de maio de 1925, pelo Papa Pio Xl; dois anos depois, foi declarada Patrona Universal das Missões.

No ano do centenário de sua morte, São João Paulo II, na Carta Apostólica, Divinis Amoris Scientia, a declarou Doutora da Igreja. Doutores da Igreja são homens e mulheres ilustres que, pela sua santidade, pela ortodoxia de sua fé, e principalmente pelo eminente sa­ber teológico, são honrados com tal título pela Igreja.

Santa Teresinha, como é conhecida entre nós, tem sua imagem associada às rosas, que na sua imagem simbolizam uma promessa que ela fez antes de morrer; ela disse às irmãs: "Farei cair uma chuva de rosas sobre o mundo!" As rosas simbolizam a intercessão da Santa por todos aqueles que a pedem em oração. Diz a tradição que durante a novena de Santa Teresinha, os féis aguardam receber uma rosa, como sinal de que suas preces serão atendidas.