segunda-feira, 26 de agosto de 2019

SÃO JOÃO BATISTA E AS SETE NOTAS MUSICAIS


A Igreja Católica sempre teve um papel muito importante na formação de nossa cultura, inclusive na área musical, como  mostra a história de Guido, um monge beneditino que nasceu em Arezzo no ano de 992 - as fotos ao lado mostram a casa onde nasceu, na qual está afixada uma placa da qual constam os dizeres "aqui nasceu e  viveu o Monge Guido".

Sempre dedicado à música, Guido que vivia em um mosteiro   em Pomposa, cidade próxima a Ferrara, Itália, por volta de 1025 publicou o  Micrologus, um livro sobre música, amplamente utilizado durante a Idade Média.  

O objetivo do monge era tornar mais fácil o canto durante as cerimônias litúrgicas, sem que os cantores precisassem necessariamente saber de cor a letra  e a melodia das músicas. 

No livro, Guido expunha seu método, que incluía o  que hoje conhecemos como notas musicais, e deu nome a elas: ut – re – mi – fa – sol – la – si (Giovanni Battista Doni, um estudioso de música, mudaria ut  por   no século XVIII).

Guido atribuiu  os nomes às notas tomando como base os primeiros versos do hino Ut Queant Laxis, dedicado a São João Batista, e escrito  ao redor do ano 750 pelo beneditino Paulo, conhecido como "O Diácono", que foi também um importante historiador: 

UT queant laxis
REsonare fibris
MIra gestorum
FAmuli tuorum
SOLve polluti
LAbii reatum
Sancte Iohannes

Que pode ser traduzido como "Para que os servos possam, com suas vozes soltas, ressoar as maravilhas de vossos atos, limpa a culpa do lábio manchado, ó São João!"

Este vídeo mostra o Ut Quant Laxis sendo cantado.
  

domingo, 11 de agosto de 2019

NOSSA SENHORA DESATADORA DOS NÓS

Nossa Senhora Desatadora dos Nós é um dos títulos dados à Virgem Maria; Ela começou a ser chamada assim na Alemanha, por volta do ano 1700.

Naquele tempo, o pároco da capela de St. Peter, na cidade de Augsburg, encomendou um quadro de Nossa Senhora ao pintor Johann Georg Melchior Schmidtner (1625 - 1705). O pintor era um cristão fervoroso e conhecedor profundo dos textos sagrados. Por isso, antes de pintar o quadro, ele foi buscar inspiração nas palavras de Santo Irineu, Bispo de Lyon, que viveu no Século III; ele encontrou um texto que diz: Eva atou o nó da desgraça para o gênero humano; Maria por sua obediência o desatou.

Em função das palavras de Santo Irineu, Johann Schmittdner concebeu um quadro onde Nossa Senhora é representada como a Imaculada Conceição e aparece entre o céu e a terra. Acima dela, o Espírito Santo derrama suas luzes. Ao redor de sua cabeça, 12 estrelas, lembrando o texto de Apocalipse. Do lado esquerdo da Virgem um anjo aparece e entrega-lhe uma fita com nós grandes e pequenos, separados e juntos. Estes nós simbolizam o pecado original e nossos pecados cotidianos, que  causam problemas, nos levam para longe de Deus e nos impedem que Sua graça  frutifique em nossas vidas. Do lado direito das mãos de Maria, a fita aparece sem nós e desce  até às mãos de outro anjo, mostrando que Maria está desatando os nós. Simboliza a vida nova mergulhada em Deus e na sua misericórdia e o poder libertador das mãos de Maria.

Na parte debaixo da Virgem Maria, há um anjo, um homem e um cachorro dirigindo-se a uma igreja. Isso parece ser uma referência ao livro de Tobias; nessa passagem,  Tobias enfrenta uma longa e penosa viagem procurando a cura de seu pai que ficara cego. Na viagem, ele conhece Sara que já tinha sido casada sete vezes, mas sempre na noite de núpcias, seus maridos morriam por causa de um demônio.

Através da oração, do jejum, da ajuda do Arcanjo Rafael e do poder de Deus, Tobias liberta Sara dessa maldição e casa-se com ela. Depois volta à casa de seu pai com um remédio que o Anjo Rafael lhe mandara preparar e o pai fica curado. Isto significa que para que dois corações venham a se encontrar, é preciso desatar primeiro os nós. E assim é a imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós: rica de mensagens, simbolismos e profundidade teológica.

Desde que o quadro foi colocado na capela de Augsburg (foto ao lado), Nossa Senhora Desatadora dos Nós é invocada como a Mãe que desata os nós do pecado e dos problemas que nos prendem. O quadro está lá até hoje e a capela é cuidada pelos jesuítas. Na Alemanha, Ela é conhecida como Maria Knotenlöserin (do alemão knot, “nó”, e löser, “desatar”) e é a padroeira da Bavária.

O quadro de Nossa Senhora Desatadora dos Nós rapidamente se tornou objeto de devoção,  primeiramente em Augsburg. Logo, notícias de graças recebidas através da oração a Nossa Senhora Desatadora dos Nós se espalharam e a devoção se espalhou pelo mundo. E onde quer que se leve a devoção, as graças acontecem. 

Nossa Senhora Desatadora dos Nós é celebrada   em 15 de Agosto, assim como Nossa Senhora do Desterro, padroeira de nossa cidade.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

SANTO AGOSTINHO E SUA MÃE SANTA MÔNICA, EXEMPLO DE MÃE E ESPOSA

Santa Mônica nasceu em 331, em Tagaste (atual Souk Ahras), na  Argélia, norte da África.

Casou-se com um homem chamado Patrício, uma pessoa  violenta e infiel, que a fez sofrer muito; Mônica viveu isso com paciência e mansidão, levando uma vida de caridade e oração - Deus  recompensou essa dedicação, tendo Mônica tido a satisfação de ver a conversão do marido. Ela teve dois filhos,  Agostinho e Navígio e uma filha, Perpétua, que logo abraçou a vida religiosa.

Agostinho, o mais velho dos filhos, trouxe-lhe muitos desgostos. Logo após perder o pai, aos 17 anos, foi estudar em Cartago, de onde chegavam a Mônica notícias desoladoras: além de uma vida desregrada, Agostinho juntou-se aos hereges maniqueus, um grupo que mais tarde acabou exterminado pelos romanos.  Em Cartago, adotou um estilo de vida hedonista - o hedonismo é uma filosofia que prega os prazeres como    supremo bem da vida humana, dedicando-se ao álcool e a uma vida de aventuras sexuais; é dessa época  uma famosa oração de Agostinho, relatada em seu livro "Confissões": "Senhor, conceda-me castidade e continência, mas não ainda". 

Mônica refugiou-se na oração, pedindo pela regeneração e conversão do filho, o que Deus, em visões, garantiu-lhe que iria acontecer. Mas, mesmo assim, ela não   deixou de rezar constantemente pelo filho e a pedir a outros que  fizessem o mesmo;  recomendou-o a diversos bispos, dentre estes um que também tinha pertencido aos maniqueus. Este muito a animou, dizendo: "O coração de teu filho não está ainda preparado, mas Deus determinará o momento. Vai e continua a rezar: é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas". 

E chegou a hora da conversão de Agostinho, que a essa altura era professor em Cartago; reconheceu seus erros e decidiu ir  para Roma e de lá para Milão, onde Santo Ambrósio era bispo - Ambrósio foi elevado à dignidade  de Doutor da Igreja. 

Sabendo do plano de seu filho de ir para a Itália, Mônica quis acompanhá-lo, porém Agostinho soube se furtar à companhia da mãe: trocou de navio e   quando ela chegou ao lugar do embarque, ele já havia partido. Mas ela o seguiu, e ao chegar a Milão, teve a alegria de  ouvir de Santo Ambrósio que o filho realmente tinha se convertido.  

Agostinho resolveu então voltar  com a mãe para a África. Chegando a Ostia, o porto italiano de onde partiriam,  ela lhe disse:  "Vendo-te hoje cristão, nada mais me resta a fazer neste mundo" e morreu - corria o ano de 387. 

Seu corpo foi encontrado m 1430 e transferido para a Basílica de Santo Agostinho, em Roma, onde paroquianos da comunidade do Santuário já estiveram (foto ao lado). Mônica foi canonizada não por ter operado milagres, mas sim por ter sido a  responsável pela conversão de seu marido e de seu filho, mostrando empenho em ensinar princípios cristãos como moral, pudor e mansidão e deixando clara  a  importância da mulher no seio da família. Ela é lembrada em 
27 de agosto.

Santo Agostinho foi bispo de Hipona, uma cidade romana do norte da África. É considerado como o mais importante dos Padres da Igreja; suas obras-primas são "De Civitate Dei" (A Cidade de Deus) e "Confissões", ambas ainda muito estudadas atualmente. Foi um dos mais importantes intelectuais cristãos, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e da filosofia ocidental. Pela importância de sua obra, foi elevado à dignidade de Doutor da Igreja. Entre seus devotos, destaca-se Santa Rita de Cássia, que pertenceu à ordem agostiniana.

Muito
 de sua obra se deve, certamente à orações de sua mãe. Em nosso Santuário, há um grupo de mães que oram por seus filhos - conhecê-lo e participar dele certamente irá tornar nossos filhos e nosso mundo melhores.

Santo Agostinho faleceu em Hipona, hoje Annaba, na Argélia aos 75 anos de idade, em 28 de agosto de 430.



domingo, 4 de agosto de 2019

NOSSA SENHORA DO DESTERRO


Afirma o evangelista Mateus que, após a partida dos Reis Magos, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a São José e disse: "Levanta, toma o menino, a sua Mãe e foge para o Egito; permanece lá até que eu te avise, porque Herodes procura o menino para o matar. Levantando-se de noite, ele tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito" - Mt 2,13-14.

Não foi uma viagem fácil - Belém dista do delta do Nilo cerca de duzentos e cinqüenta quilômetros; Uma tradição fixa em Macarié, nas proximidades de Heliópolis (Egito), o local da permanência da Sagrada Família. Antigamente calculava-se em sete anos a duração deste exílio. Os autores modernos, porém, acreditam ter sido bem menor. Após a morte de Herodes, São José, avisado pelo anjo, voltou à terra de Israel, mas com medo de   Arquelau, filho de Herodes, fixou-se em Nazaré, na Galiléia.

Muitas lendas se relacionam ao desterro da Virgem Santíssima no Egito, como a da tamareira, junto à qual Maria se sentara para repousar, que se inclinou para que as tâmaras ficassem ao alcance de suas mãos. 

Em nosso país a devoção à Senhora do Desterro foi intensa desde o período colonial, talvez porque os portugueses, deixando a pátria para virem ao Brasil, encontrassem consolo na devoção à Virgem.

A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, chamou-se durante mais de dois séculos Vila do Desterro, pois nasceu em torno da capela construída em 1673 por Francisco Bias Velho, que morreu alguns anos depois na própria igreja que fundara, defendendo seu povo contra um ataque de piratas.

Somente após a Revolta da Armada, em 1894, a cidade recebeu seu atual nome em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto.


Jundiaí foi dedicada a Nossa Senhora do Desterro por terem os fundadores precisado fugir de São Paulo em função de perseguições. No teto de nossa Catedral, há uma pintura maravilhosa mostrando a Sagrada Família durante seu desterro.

Nossa Senhora do Desterro é muito venerada na Itália como a "Madonna degli Emigrati" - durante o século XIX, início do século XX, milhões de pessoas tiveram que deixar aquele país fugindo da fome.   

Hoje Ela continua sendo a Mãe Amorosa para todos os que, saudosos de sua terra natal, imploram cheios de fé  seu auxílio a fim de encontrarem paz, compreensão e simpatia em terras distantes - e ainda hoje milhões de pessoas precisam procurar outras terras, em função de guerras, perseguições e fome.