quinta-feira, 28 de junho de 2018

NOSSA SENHORA DO DESTERRO: CUIDANDO DOS QUE FOGEM DE GUERRAS, PERSEGUIÇÕES E MISÉRIA

Nestes tempos em que tantos são obrigados a deixar seus lares fugindo de guerras, perseguições e miséria, é bom lembrar  Nossa Senhora do Desterro. 

Esse título é atribuído a Maria quando em companhia de José e de Jesus ainda bebê, foi obrigada a fugir para o Egito. Segundo Mateus (2, 13), um  anjo aparece em sonho a  José, dizendo-lhe "Levanta-te! Toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito; demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes procura o menino para o matar".  Eles permaneceram ali cerca de quatro anos  até que José foi avisado em sonho pelo mesmo anjo de que Herodes já havia morrido.

No Brasil, a devoção a Nossa Senhora do Desterro foi muito difundida na época da colonização portuguesa, pois com essa devoção diminuíam um pouco a saudade da terra que deixaram.   As primeiras igrejas em devoção a Nossa Senhora do Desterro foram construídas na Bahia e no Rio de Janeiro; a cidade de Florianópolis chamou-se durante mais de dois séculos Vila do Desterro, pelo fato de ter seu surgimento em torno de uma capela construída em 1673 em devoção a ela. 

A própria Jundiaí é consagrada a ela, pois consta que os que fundaram nossa cidade fugiam de perseguições. Na Itália é venerada como “Madonna degli Emigrati”.

Peçamos a N. S. do Desterro que nos proteja de guerras, perseguições e miséria e em seu nome acolhamos aqueles que aqui chegam fugindo dessas tragédias.

sábado, 23 de junho de 2018

SÃO JOÃO BATISTA: O PRIMEIRO MÁRTIR DA IGREJA E O ÚLTIMO DOS PROFETAS

São João Batista nasceu em Aim Karim, cidade de Israel que fica a 6 quilômetros do centro de Jerusalém. Seu pai era um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias. Sua mãe foi Santa Isabel, que era prima de Maria, Mãe de Jesus.

Isabel era idosa e nunca tinha engravidado; todos a consideravam estéril. Mas o anjo Gabriel apareceu a Zacarias anunciou que Isabel teria um filho e que este deveria se chamar João. Zacarias não acreditou e ficou mudo, mas pouco tempo depois, Isabel engravidou.

Na mesma época, o anjo apareceu também a Maria e anunciou que ela seria a mãe do Salvador. Maria foi visitar Isabel, pois o anjo lhe havia dito que Isabel estava grávida. Quando Maria chegou e saudou Isabel, João mexeu-se no ventre da mãe e Isabel saudou Maria dizendo: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! De onde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?" (Lc 1-41-43) Esta saudação de Isabel se tornou parte da oração da Ave Maria.

Quando João Batista ficou adulto, foi morar no deserto, orando e pregando. Vivendo uma vida extremamente difícil, passou a ser considerado um profeta, sempre anunciando a vinda do Messias. Batizava a todos que se arrependiam e multidões iam ouvir suas pregações às margens do rio Jordão.

Por causa de seu carisma, algumas pessoas pensavam que João era o Messias. Mas ele dizia: "eu não sou o Cristo, eu não sou digno de desatar nem a correia de suas sandálias". (Jo. 1-27). Em outra ocasião, ele disse: "eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". (Jo.1-29) Quando o próprio Jesus foi ao encontro de João para ser batizado, ele disse: "eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?" (Mt. 3-14). Mas Jesus confirmou seu desejo e João batizou-o; assim Jesus começou sua vida pública.

Em suas pregações ele não poupava o rei Herodes Antipas, um fantoche de Roma. João denunciava a vida adúltera do rei - Herodes tinha se unido a Herodíades, sua cunhada. João denunciava também a forma desregrada como Herodes governava.

São Marcos em seu evangelho narra que Salomé, filha de Herodíades, dançou para Herodes. O rei ficou deslumbrado com ela e disse que daria tudo o que lhe pedisse. Então Salomé falou com sua mãe e pediu a cabeça de João numa bandeja. Herodes cumpriu o que prometera (Mar 6.14-29).

João Batista é o primeiro mártir da Igreja, e o último dos profetas. Sua festa é celebrada em 24 de junho. É venerado como profeta, santo, mártir, precursor do Messias e arauto da verdade. É representado batizando Jesus e segurando um bastão em forma de cruz.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

ALGUNS DADOS ACERCA DE NOSSA IGREJA

O Departamento Central de Estatísticas da Igreja (Rationarium Generale Ecclesiae) foi criado em 1967 pelo Papa Paulo VI. É responsável pela compilação de informações sobre o catolicismo no mundo. Seu trabalho mais importante é publicado anualmente sob o título de Anuário Pontifício.

Com a publicação da edição 2018 a Santa Sé divulgou as estatísticas da Igreja Católica em todo o mundo, ainda referentes ao ano de 2016: um dos principais pontos que se nota  é o aumento do número de católicos:  de 1,285 bilhões em 2015 para 1,299 bilhões em 2016, um aumento de 1,1% - somos cerca de 17% da população mundial.
O continente africano acolhe 17,6% dos católicos no planeta e apresenta um crescimento dinâmico: em 5 anos, o número de católicos cresceu de 185 milhões para 228 milhões em 2016, uma variação de 23,2%.
As Américas continuam sendo o continente em que somos mais numerosos: 48,6% de toda a população mundial de católicos vive no Novo Mundo. Dentre os países do continente, o Brasil é o que tem a maior população católica, representando 13,3% dos católicos do planeta. É de se notar, ainda, que 90% da população de Argentina, Colômbia e Paraguai são católicos.

Outros números interessantes: no mundo, temos cerca de 5.300 bispos, 410 mil padres, 682 mil freiras, 45 mil diáconos permanentes e 115 mil seminaristas.

Os dados estatísticos divulgados apresentam um aumento no número de bispos, principalmente nas Américas e na Ásia. De maneira diversa, observa-se uma crise vocacional generalizada: diminuiu o número de jovens que ingressam nos seminários  e casas de formação religiosa.

Para reverter essa situação, devemos orar, pedir a ajuda de Deus e trabalhar para a divulgação de nossa fé.

domingo, 17 de junho de 2018

PADRE LANDELL DE MOURA: UM HERÓI BRASILEIRO

Nestes tempos em que são cultuados os heróis da bola, vale a pena lembrar um verdadeiro herói brasileiro: o padre jesuíta  Roberto Landell de Moura (Porto Alegre, 1861-1928).  Em 3 de junho de 1900, em São Paulo, segundo relatou o Jornal do Commercio,  o padre  fez as  primeiras transmissões radiofônicas e radiotelegráficas de todo o mundo, tendo repetido o feito algum tempo depois em Campinas. Abaixo, aparece a foto de uma réplica de seu transmissor.

     Esse fato garante ao Pe. Landell o pioneirismo nessa área, superando o italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), que também desenvolveu importantes trabalhos nessa área.  Marconi, no entanto, tinha uma visão muito mais empresarial, tendo conseguido transformar idéias (radiotelegrafia e radiofonia) em  negócios, o que evidentemente não tira seus méritos; já o Pe. Landell se preocupava apenas com o avanço da ciência,  tendo por essa razão demorado a se preocupar com a formalização dos resultados de suas pesquisas. 
Além disso, Marconi encontrou na Europa uma cultura favorável à inovação científico/tecnológica, o que o Pe. Landell não encontrou por aqui, tendo por essa razão mudado-se por alguns anos para os Estados Unidos, onde patenteou e aperfeiçoou seus inventos, que na  sua volta nossa Marinha   passou a utilizar a bordo de seus navios.
   O Pe. Landell também realizou pesquisas objetivando a transmissão de imagens, sendo por essa razão considerado um dos precursores da televisão.
        Antes de morrer foi elevado pelo Vaticano a Monsenhor e  nomeado Arcediago (um eclesiástico investido pelo bispo de determinados poderes junto aos párocos,  abades e vigários de uma diocese), justas homenagens por seu trabalho como sacerdote e cientista. Também o Exército homenageou-o, dando seu nome ao Centro de Telemática localizado em Porto Alegre. 

quarta-feira, 13 de junho de 2018

QUEM ERAM OS CORINTÍOS?

Com frequência ouvimos mencionar as cartas que São Paulo escreveu aos Corintios. E quem eram os Corintios? Eram os habitantes de Corinto, cidade localizada no território da atual Grécia e que na época de S. Paulo pertencia aos romanos.

De acordo com  os Atos dos Apóstolos, Paulo, quando esteve nessa cidade (ali permaneceu cerca de 18 meses em sua segunda viagem missionária), estabeleceu nela uma igreja e, mais tarde, escreveu provavelmente quatro epístolas (cartas) aos cristãos dessa cidade, dando-lhes vários conselhos; dessas epístolas,  duas fazem parte do Novo Testamento: a segunda (I Coríntios) e a quarta (II Coríntios). A imagem ao lado mostra uma parte do Novo Testamento em um manuscrito produzido ao redor do ano 200; esse manuscrito contém as duas epístolas de Paulo aos Corintios além de outros textos. 


Há indícios de que a região de Corinto foi habitada desde cerca de 6.000 anos antes de Cristo. Chegou a ser uma cidade muito importante por ser um istmo (porção de terra muito estreita cercada pelo mar); a construção de um canal permite até hoje que navios economizem muito tempo em suas viagens, tornando a área uma região de comércio muito forte. A cada quatro anos a cidade sediava os "Jogos Ístmicos", uma especie de Olimpíada que levava a Corinto milhares de pessoas de toda a Grécia. 

A presença de muitas pessoas levadas pelo comércio e pelos Jogos talvez  tenha levado Paulo a escolher a cidade para fundar uma igreja. 

Terremotos e guerras fizeram com que Corinto fosse destruída e reconstruída diversas vezes.

Uma curiosidade: em 1882, um grupo de jovens fundou em Londres um clube de futebol chamado Corinthian Football Club. Corinthian, em inglês, significa algo como "de Corinto". No início do século XX esse clube visitou o Brasil, tendo inspirado jovens brasileiros a fundar em 1910 um clube de futebol. Adivinhem qual... 

sábado, 9 de junho de 2018

SÃO LONGUINHO: O SANTO DOS OBJETOS PERDIDOS

Conta-se que Longinus era um soldado  que servia na corte dos imperadores romanos; era famoso por encontrar coisas perdidas. 

Transferido para Jerusalém,  foi um dos soldados destacados para acompanhar a crucificação  de Jesus. O Evangelho de São João, testemunha ocular da morte de Jesus, diz que quando o soldado perfurou o lado do Senhor, dali saíram sangue e água (Jo 19,34). A tradição diz que essa água que saiu do lado de Cristo, respingou em Longinus e ele ficou curado de um problema que tinha nos olhos. 

E a água do lado de Cristo curou não só os olhos físicos de Longinus, como também e principalmente, os olhos de sua alma, pois seria ele o   soldado que na hora da morte de Jesus teria dito "Verdadeiramente este homem era Filho de Deus". A imagem ao lado mostra uma pintura de Fra Angelico, um frade dominicano que a concluiu provavelmente em 1440 e que representa aquele acontecimento (em 1982, o frade foi beatificado pelo Papa João Paulo II).

Após abandonar o exercito romano por causa de sua conversão,  fugiu para  Cesárea e  depois para a Capadócia, região da atual Turquia. Mas foi descoberto, preso e processado;  acusado de deserção, foi condenado à pena de morte. Propuseram-lhe renunciar à fé em Jesus Cristo  em troca do perdão. Mas ele se manteve firme, foi torturado, teve seus dentes arrancados e sua língua cortada, sendo depois decapitado.  

Foi canonizado pelo Papa Silvestre II, quase mil anos depois, no ano de 999. O processo de canonização já tinha caminhado bastante conforme as regras da Igreja, porém, vários documentos que faziam parte do processo foram perdidos. Ciente da fama de Longinus, o Papa pediu sua intercessão    para que   os documentos perdidos fossem encontrados;  pouco tempo depois isso ocorreu e a canonização aconteceu. Na Basílica de S. Pedro, no Vaticano, há uma estátua de Longinus, esculpida em mármore por Gian Lorenzo Bernini (concluída em 1638).

Isso ajudou a espalhar   a devoção de se rezar para São Longuinho (como Longinus passou a ser conhecido por aqui) pedindo ajuda para encontrar objetos perdidos. Diz-se que após encontrar o objeto  deve-se dar três pulinhos e fazer uma oração para agradecer ao Santo. Os pulinhos devem ser dispensados - trata-se de superstição. O importante é a fé e o belíssimo testemunho de vida de São Longuinho.

Em italiano, é conhecido como San Longino, em inglês Saint Longinus e em espanhol San Longinos.



segunda-feira, 4 de junho de 2018

A MEDALHA DE SÃO BENTO

São Bento nasceu na cidade de Norcia (Itália) ao redor do ano de 480, e morreu em torno de 547 na Abadia de Monte Cassino, a cerca de 80 km de Nápoles,  abadia essa por ele fundada. 

Foi o  fundador da Ordem de São Bento ou Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador da Regra de São Bento, um dos mais importantes regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Era irmão gêmeo de Santa Escolástica e sua memória é lembrada no dia 11 de julho

É muito popular nos dias de hoje a Medalha de São Bento, de origem incerta. O que se sabe é que em 1647 foi descoberto na biblioteca da Abadia de S. Miguel, em Metten, Alemanha,  um manuscrito do ano de 1415, o qual continha, além de textos, ilustrações, sendo uma delas a de São Bento, com uma cruz e uma flâmula; esses textos e ilustrações deram origem à medalha, que, estima-se, tenha começado a ser usada nessa época como símbolo da luta contra as forças do mal.

A medalha, com algumas variações, possui de um lado a imagem de São Bento, vestindo o traje monástico - chamado cógula - trazendo na mão direita uma cruz e na mão esquerda uma flâmula ou livro aberto, que representa a Regra. Do outro lado, há uma imagem da cruz. Ambas as faces trazem inscrições em latim, a saber:

Em uma face da medalha:
Eius in obitu nostro praesentia muniamur - Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.

Na outra:
C S P BCrux Sancti Patris Benedicti - Cruz Sagrada do Padre Bento.
C S S M LCrux Sacra Sit Mihi Lux - A Cruz Sagrada seja minha Luz.
N D S M DNon Draco Sit Mihi Dux - Não seja o dragão meu guia.
V R SVade retro, satana! - Para trás, Satanás!
N S M VNunquam Suade Mihi Vana - Nunca seduzas minha alma.
S M Q LSunt Mala Quae Libas - São coisas más as que brindas.
I V BIpse Venena Bibas - Bebas do mesmo veneno (em referência às tentações que Satanás teria feito a S. Bento).

Em 1742, o papa Bento XIV aprovou o uso da medalha; atualmente, um  formato comum da medalha é a que vemos nessas ilustrações, conhecida como Medalha do Jubileu, pois foi cunhada em 1880 por ocasião da comemoração dos 1.400 anos do nascimento de São Bento, pelos monges de Beuron (Alemanha). Essa medalha acrescenta a palavra pax - paz - no alto da cruz e aos pés de São Bento os dizeres Ex S.M. Casino MDCCCLXXX - Do Santo Monte Casino - 1880.

Como curiosidade, vale dizer que o lema dos Beneditinos é "Ora et Labora", em português "Ore e Trabalhe" - uma recomendação muito salutar.