sexta-feira, 21 de junho de 2019

AS INDULGÊNCIAS, UM TEMA POUCO CONHECIDO

O tema das indulgências é um dos menos conhecidos entre nós católicos.

O  Catecismo da Igreja (CIC) afirma que  “pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (CIC, §1498). 

Papa Paulo VI (canonizado em 2018) dizia que a doutrina e o uso das indulgências, vigentes na Igreja Católica há vários séculos, encontram sólido apoio na revelação divina, desenvolvendo-se na Igreja sob a assistência do Espírito Santo.

O site da CNBB traz texto de Dom Eurico Santos Veloso, à época Arcebispo de Juiz de Fora, tratando do assunto - o atual Arcebispo é Dom Gil Antonio Moreira, que já foi nosso bispo e esteve recentemente em nosso Santuário.


No texto, Dom Eurico nos diz que de   acordo com o Manual das Indulgências aprovado pela Santa Sé e publicado em 1990 pela CNBB “indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos".  

Ou seja, tendo o fiel se reconciliado pelo Sacramento da Penitência, em  perfeita contrição, sem nenhum afeto ao pecado, e cumpridas as demais condições, o fiel recebe graças especiais (para si ou para irmãos que padecem no purgatório) para a remissão de algum “resquício do pecado”.  Dom Eurico lembra ainda que "a indulgência é parcial ou plenária, conforme liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados”.

Nos primeiros séculos da Igreja, as penitências eram muito severas: por exemplo, quem blasfemasse deveria ficar na porta da igreja durante a missa, por sete domingos; no último domingo deveria ficar no mesmo lugar sem capa e descalço -  nas sete sextas-feiras precedentes, jejuava a pão e água, sem poder durante todo esse período entrar na igreja. Também era comum a auto flagelação. 

Essas pesadas penitências, e outras até mais severas, tinham por objetivo extinguir no penitente os resquícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador.

Com o passar do tempo, num gesto de clemência, a Igreja abrandou essas práticas, substituindo-as por outras a como a recitação do Santo Rosário ou de orações diversas, jaculatórias, atos de piedade, peregrinações etc.

Infelizmente,  a corrupção sempre buscou espaço  no coração dos homens e no seio das instituições. E na Igreja não foi diferente, principalmente no período da Renascença (aproximadamente entre 1350 e 1550)   em que houve forte influência da cultura pagã nas artes, em detrimento de tudo o que deveria  conduzir à elevação da pessoa em seu todo.  

Foi nesse ambiente  que o papa Leão X, em 1514,  estabeleceu que  indulgências  seriam concedidas aos fiéis vivos e àqueles que estão no Purgatório, explicitando que seriam concedidas a “qualquer cristão que recebesse os sacramentos e desse esmola”.
Isso levou a situações em que, membros da Igreja, atingidos pela corrupção, passassem a exigir dinheiro de fiéis para que estes recebessem indulgências, o que nunca foi condição para a obtenção das mesmas. Como dizia o célebre teólogo e monge beneditino dom Estevão Bettencourt,  “quando a Igreja indulgenciava a prática de esmolas, não tencionava dizer que o dinheiro produz efeitos magníficos, mas queria apenas estimular a caridade ou as disposições íntimas do cristão para que conseguisse libertar-se das escórias remanescentes do pecado”.
De qualquer forma, a postura desses corruptos acabou sendo uma das causas do então monge agostiniano Martinho Lutero ter abandonado a Igreja, dando início ao protestantismo; Lutero também não aceitava alguns ensinamentos de nossa Igreja.  
Na atualidade,  para obter as indulgências, tanto plenárias como parciais, é preciso que,  o fiel esteja em estado de graça, que tenha a disposição  do completo afastamento do pecado,  se confesse sacramentalmente, receba a Santíssima Eucaristia e cumpra as condições estabelecidas, como por exemplo adoração ao Santíssimo Sacramento, visitar cemitérios ou determinadas igrejas, fazer certas orações etc. 
Tudo isso pode ser visto com mais detalhes no portal Últimas Graças

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