domingo, 7 de julho de 2019

IRMÃ DULCE E SUA CANONIZAÇÃO


O Papa Francisco anunciou que a Irmã Dulce será canonizada no dia 13 de outubro, no Vaticano. 

Conhecida como “Anjo Bom da Bahia”, a Irmã Dulce vai ser canonizada como Santa Dulce dos Pobres. Sua festa litúrgica permanecerá sendo no dia 13 de agosto.

Também foram divulgados detalhes do caso de cura obtida de Deus por intercessão da Irmã Dulce e que constitui o milagre necessário para que ela seja declarada santa. Trata-se da cura de José Maurício Moreira, de 50 anos, baiano e morador de Recife, que ficou cego aos 14 anos e, depois de suplicar a intercessão da beata, voltou a enxergar de modo inexplicável, segundo os médicos.


Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador no dia 26 de maio de 1914 e, desde muito jovem, começou a ajudar pessoas carentes na porta da própria casa - o espírito solidário vinha de família, já que o avô e o pai, que era professor da Faculdade de Odontologia de Salvador, participavam de instituições filantrópicas, mas, além de ajudar, Maria Rita queria também evangelizar. Na foto com seus pais e irmãos, é a primeira à esquerda.

Aos 13 anos de idade conheceu uma favela em Salvador  e  decidiu dedicar sua vida a “amar e servir”, lema da sua ação em benefício dos mais necessitados. Em 1929, aos 15 anos, conheceu as Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus  e tentou entrar às escondidas na congregação, mas o irmão mais novo a denunciou ao pai, que queria que ela fosse professora. Dulce estudou, em obediência ao pai, mas logo que terminou o curso conseguiu convencê-lo de que sua vocação era outra e entrou para a vida religiosa.

Em fevereiro de 1933, entrou para a Congregação em São Cristóvão, no estado de Sergipe, adotando o nome de  Dulce em homenagem à sua mãe, falecida aos 26 anos quando ela tinha apenas 7 anos.

Retornando a Salvador em 1935, iniciou seu trabalho de ação social e caridade cristã em favor de comunidades pobres como a de Alagados, um conjunto de palafitas no bairro de Itapagipe. Em 1939, adaptou um velho galinheiro situado ao lado do convento para abrigar os primeiros 70 doentes pobres aos quais passaria a se dedicar em paralelo à assistência aos pobres. Foi o nascimento das Obras Sociais Irmã Dulce, uma instituição que hoje faz 2,2 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano, mantém 954 leitos  em 5 hospitais e quase 800 crianças em seu centro educacional.

Mas foi preciso trabalhar muito até chegar a esse ponto: em 1936, com apenas 22 anos, fundou, com Frei Hildebrando Kruthanp, a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia. 

No ano seguinte, sempre com Frei Hildebrando, criou o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações.  Tinham como finalidade a difusão das cooperativas, a promoção cultural e social dos operários e a defesa dos seus direitos.

Em  1939 inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos; em 1959 criou um “bandejão”  para dar comida aos pobres, ao que se seguiu a rede de aleitamento materno e outras obras de caridade, para cujo sustento a própria irmã Dulce chegou a tocar acordeon e a cantar nas ruas de Salvador, tentando arrecadar dinheiro. 

Tudo isso foi desenvolvido apesar da saúde frágil -  ela sofria com um enfisema pulmonar e vivia de forma muito modesta, como se pode ver pela foto do quarto em que viveu durante seus últimos anos.

Seu trabalho foi reconhecido em nível internacional, tendo sido  indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1988, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia.

Faleceu em 13 de março de 1992 , tendo sido beatificada por Bento XVI em  22 de maio de 2011; cabe-nos lembrar uma de suas frases: Importante é fazer a caridade, não falar de caridade. Compreender o trabalho em favor dos necessitados como missão escolhida por Deus” .

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