sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

STILLE NACHT - NOITE FELIZ

Oberndorf, pequena aldeia austríaca à beira do rio Salzbach, região de Salzburg, véspera do Natal de 1818.

O Pe. Mohr
O vigário,  padre Joseph Mohr (1792-1848) estava desesperado porque o órgão da capela, dedicada a São Nicolau, havia quebrado e a  cantata de Natal seria um fiasco, logo em seu primeiro Natal naquela paróquia. Pediu orientação a Deus e se lembrou que dois anos antes havia escrito um poema simples, também na véspera de Natal, após uma caminhada pelos bosques das montanhas.

Gruber
Encontrou o manuscrito do poema em uma gaveta da sacristia. Correu para a casa de um professor e músico, chamado Franz Gruber e lhe perguntou se poderia musicar sua letra para que todos a pudessem cantar logo mais à noite, na missa do Galo. Franz olhou e disse que sim, porque a letra era simples e permitiria uma melodia fácil. Mas teria de ser tocada no violão porque não haveria tempo para algo mais elaborado - isso não era   problema porque não havia órgão disponível.

O padre Mohr agradeceu e correu de volta para terminar de organizar os detalhes da missa.

À noite, Franz Gruber chegou na capela com o violão e reuniu o coral para ensinar o hino improvisado. A música era o Stille Nacht (Noite Silenciosa, no original em alemão), que foi traduzida para o português como Noite Feliz.

Naquela noite de Natal de 1818, os participantes da missa da capela de Oberndorf cantaram maravilhados aquele hino tão singelo e profundo que viria a se tornar a canção natalina mais conhecida do mundo, sendo hoje cantada em cerca de 150 idiomas, com muitas versões. Podemos ver aqui uma versão em alemão cantada pelo Coro Infantil de Viena (Wiener Sängerknaben) e em português, cantada pelos Canarinhos de Petrópolis.

Semanas depois, o técnico que veio consertar o órgão ouviu a história e pediu para tocar a música.

Ficou impressionado com a riqueza melódica da composição que decidiu difundi-la por todas as igrejas por onde passava, chegando até aos  ouvidos do Rei da Prússia, Friedrich
Wilhelm IV e aos dos milhares de alemães que emigravam naquela época e que difundiram a canção pelo mundo - chegou a Nova Iorque em 1838 e a outros países logo em seguida.  

Está é a história do hino natalino Noite Feliz. O que começou como um momento de pânico e perspectiva de um fiasco, terminou como um eterno presente de Natal para toda a Humanidade em forma de música.

Feliz Natal a todos.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

SÃO ROQUE - UMA VIDA CURTA, MAS INTENSA

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Existe em nossa cidade uma igreja  dedicada a São Roque; ela também é conhecida como Igreja do Cruzeiro, e pode ser avistada desde nosso Santuário. A primeira missa foi celebrada ali em 1981, tendo sido elevada a paróquia em 2001.

Mas quem foi São Roque? Não existem grandes certezas sobre sua vida, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não seu nome de batismo. Teria nascido na cidade de Montpellier, na França, por volta de 1350 e falecido na mesma cidade por volta de 1379. 

Era filho de uma família rica, e teria  nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito; perdeu os pais muito cedo, tendo sido educado por um tio e estudado medicina em sua cidade natal, sem concluir seus estudos.  

Dedicando-se desde cedo à caridade, por volta dos 20 anos distribuiu seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte com o tio e partiu em peregrinação para Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, já na Itália,  encontrou-a assolada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário para assistência aos doentes. Em seguida visitou muitas outras cidades e aldeias - onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes.

Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam entre 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um  homem muito rico, mas de má vida,  Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se  da presença de Roque, o teria ajudado, sendo por ele convertido.

Curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que não o reconheceu. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.

Outra versão situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião  do Papa e morrido prisioneiro ali.  Embora não haja consenso sobre o local, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um longo período de encarceramento.

Descoberta a cruz no peito, foi reconhecido, e a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como  protetor contra a peste. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, o carcereiro foi milagrosamente curado.

São Roque é geralmente representado em trajes de peregrino, por vezes com a vieira (concha) típica dos peregrinos de Santiago de Compostela, e com um longo bordão do qual pende uma cabaça. Uma das pernas é geralmente mostrada desnudada, sendo aí visível uma ferida gerada pela peste. Por vezes é acompanhado por um cão, que aparece a seu lado trazendo-lhe um pão.

Embora sem provas, afirma-se que Roque teria pertencido à Ordem Terceira de São Francisco. É lembrado no dia 16 de agosto.



domingo, 2 de dezembro de 2018

A QUESTÃO RELIGIOSA: UM TRISTE EPISÓDIO

O relacionamento muito próximo entre a Igreja e o Estado quase sempre traz problemas sérios, como nos mostra a história do frade capuchinho  Vital Maria Gonçalves de Oliveira 1844-1878), que foi o 20º bispo de Olinda e que está em  processo de Beatificação e Canonização, tendo por isso recebido o título de Servo de Deus.

Batizado Antônio Gonçalves de Oliveira Júnior, nasceu no Sítio Jaqueira do Engenho Aurora, na época território do Estado de Pernambuco e foi ordenado em  2 de agosto de 1868, aos 23 anos; em 1871    foi designado por Dom Pedro II para ser bispo de Olinda - tinha 26 anos! E o mundo era diferente: era o Imperador quem designava os bispos e tinha sobre eles autoridade em alguns assuntos!   Foi sagrado bispo em 17 de março de 1872.

Naquela época, desenrolava-se em nosso país a "Questão Religiosa", um conflito que, tendo se iniciado como um enfrentamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria, acabou se tornando uma grave questão política.

Nesse contexto, o bispo desobedeceu ordens do Imperador que envolviam a gestão de irmandades e ordens religiosas. Foi por isso preso em 1875, por ordens do Visconde do Rio Branco, maçom. Foram prendê-lo em sua casa, um juiz, o chefe de polícia e um coronel da polícia. Quando o juiz entrou no palácio e bateu na porta do quarto do bispo, este saiu totalmente paramentado, com mitra e báculo, e assim foi preso. 

Mas quando chegaram à rua, os policiais viram que a multidão dava vivas ao bispo e ficaram com medo. Meteram-se num carro e levaram-no para o Arsenal de Marinha onde ficou preso à espera do navio que devia levá-lo ao Rio. 

Em Salvador, trocaram-no de navio para que chegasse ao Rio sem ser esperado. E no Rio foi logo encarcerado no Arsenal, embora com todo o respeito e conforto. Deve-se dizer que, em toda parte, no Recife, em Salvador, no Rio, multiplicavam-se as demonstrações de apreço, homenagem e protestos de outros bispos, do clero e do povo.

O Papa protestou e escreveu ao Imperador do Brasil pedindo que o libertasse e aos demais envolvidos, inclusive o Bispo do Pará, Dom Antonio de Macedo Costa (foto ao lado), que também se encontrava preso e como D. Vital fora condenado a 4 anos de trabalhos forçados; este, havia sido ordenado aos 27 anos e sagrado bispo aos 30! 

O imperador parece não ter dado muita importância à carta do papa, que afirmara "que o único crime de Dom Vital foi ter defendido a religião", mas o Duque de Caxias propôs ao imperador uma anistia. O imperador hesitava. Por razões políticas, caiu o gabinete do Visconde do Rio Branco e o
Duque de Caxias foi chamado para sucedê-lo; ele aceitou com a condição de conceder anistia aos bispos. Finalmente, o imperador teve que aceitar e, em 17 de setembro de 1875, decreta a anistia que liberta D. Vital e os demais presos. Logo em outubro D. Vital vai a Roma onde é recebido paternalmente e com alegria por Pio IX (o Papa, cuja foto está ao lado, comovido, só o chamava de "Mio Caro Olinda", "Mio Caro Olinda")

Regressou à Diocese em 6 de outubro de 1876 e foi recebido triunfalmente. Iniciou, com entusiasmo, suas atividades pastorais. No entanto, adoeceu e embarcou para a Europa, em busca de tratamento. Escreveu ao Papa, renunciando à Diocese, sem resultado. A medicina não conseguiu descobrir a enfermidade, que provocava misteriosos sintomas.

Dom Vital morreu em Paris, a 4 de julho de 1878. Ao receber o Viático, diz: “Perdoo de coração aos meus inimigos e ofereço a Deus o sacrifício da minha vida”. Monsenhor de Ségur, na oração fúnebre, por ocasião das exéquias, afirmou que Dom Vital morreu envenenado. Assim terminou esse triste episódio. 

Foi sepultado na Basílica Menor de Nossa Senhora da Penha (foto ao lado), no Recife, em cuja Arquidiocese foi aberto o Processo de Beatificação e Canonização de Dom Frei Vital. Os trabalhos foram concluídos em 04 de julho de 2001 e a documentação foi remetida à Santa Sé. No ano de 2012 o arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido, OSB, entregou a condução do Processo aos frades capuchinhos, irmãos de hábito do Servo de Deus. O Postulador é o Frei Carlo Calloni (Postulador Geral dos Capuchinhos) e o Vice-Postulador é Frei Jociel Gomes. No momento, a causa encontra-se em trâmite na Congregação da Causa dos Santos. Vale a pena visitar o site oficial da Causa.  

terça-feira, 27 de novembro de 2018

É TEMPO DO ADVENTO!!!

O Advento (do latim Adventus, "chegada") , é o primeiro tempo do Ano Litúrgico, no qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação, alegria e expectativa, onde os fiéis, esperando o nascimento de Jesus, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a paz. Esse tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.

A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Península Ibérica, quando no ano 380, o Sínodo de Saragoça prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Esse  tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular a Anglicana, a Luterana, a Metodista e a Batista, dentre  outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum como preparação para o Natal.

O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor.

O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo,  a CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.

Os paramentos são de cor roxa,  como sinal de recolhimento e conversão em preparação para a festa do Natal. A única exceção é o terceiro domingo do Advento, o Domingo  da Alegria, no qual a cor tradicionalmente usada é o róseo (de que já falamos em outro post), em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os altares são ornados com rosas da mesma cor. 

Tradicionalmente o primeiro dia do Advento  é o dia em que são montados o Presépio e a Árvore de Natal. O Advento tem outros símbolos próprios, como  a Coroa do Advento, que é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento.   

A cada domingo uma vela é acesa;   até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo Salvador e Luz do Mundo, brilhará para toda a humanidade, e representa também nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. 

A Coroa é uma tradição recente, que surgiu na Alemanha - uma interessante história acerca de sua origem pode ser vista aqui.

Vamos viver esse tempo!

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domingo, 25 de novembro de 2018

EM 25 DE NOVEMBRO, LEMBRAMOS SÃO JOÃO XXIII

Nasceu no dia 25 de novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi batizado com o nome de Angelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuiu a sua primeira e fundamental formação religiosa. 

Foi ordenado em 1904, atuando fortemente na região de Bérgamo, onde era secretário do bispo; trabalhou como professor, desenvolveu obras sociais, escrevia para a imprensa e era um pregador muito solicitado, pela sua eloquência elegante, profunda e eficaz.

Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi convocado como sargento, atuando como capelão e ajudando a cuidar dos soldados feridos - a foto ao lado mostra-o nessa época. 

Transferido para Roma prosseguiu com seu trabalho, sendo em 1925 nomeado bispo e transferido para a Bulgária, permanecendo naquele país até 1935. A seguir, foi para a Grécia, onde se encontrava quando começou a Segunda Guerra Mundial, que devastou aquele país. Trabalhou muito junto aos prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica, que os permitia fugir dos nazistas. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris, onde também ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. 

Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza. Depois da morte de Pio XII, foi eleito Papa a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom pastor. 

Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. 

O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas "Pacem in Terris" e "Mater et Magistra". Seguiu trabalhando muito: convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II.  A foto ao lado, mostra-o assinando a "Pacem in Terris". 


O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

RAFAEL DE SÃO JOSÉ, UM SANTO QUE RECUPEROU A FÉ

Józef Kalinowski nasceu em 1º de setembro de 1835 em Vilna, capital da Lituânia. De família  nobre, era filho de Andrzej Kalinowski, professor, e de Józefina Połońska, que morreu quanto Jozef era ainda muito criança.

Na época, a Lituânia pertencia à Russia, e Jozef foi estudar na Academia Militar em São  Petersburgo, na Russia.  Durante seus estudos acabou vivenciando uma crise que o levou a perder a fé, mas seus  dotes morais e  inteligência levaram-no a avançar muito na carreira militar - a foto ao lado mostra-o nessa época.

Era uma época muto conturbada em termos políticos; em   janeiro de 1863 assumiu o cargo de ministro da guerra da Lituânia, que lutava para tornar-se independente. Nessa época, muito influenciado por Sophie Puttkamer, com quem seu pai havia se casado após enviuvar pela segunda vez, reconciliou-se com a fé e  iniciou uma vida de intensa espiritualidade e devoção a Jesus, José e Maria.



Os lituanos perderam a guerra e ele acabou prisioneiro. Foi deportado para a Sibéria, levando consigo apenas o Evangelho, o livro "Imitação de Cristo" e um crucifixo, presente de uma de suas irmãs. Foi condenado à morte, mas teve a pena comutada para dez anos de trabalhos forçados.


Após cumprir a pena, foi libertado e repatriado, entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços, em 1877, aos quarenta e dois anos de idade. Tomou o nome de Rafael de São José em 1882, quando foi ordenado - a foto ao lado mostra-o vestindo o hábito carmelita.

Distinguiu-se no zelo pela unidade da Igreja e no apostolado infatigável do sacramento da reconciliação. Foi trabalhar no Convento de Cezerna, na Polônia, país em que fundou diversas comunidades.

Foi considerado o grande restaurador da Ordem dos Carmelitas na Polônia e morreu no dia 15 de novembro de 1907, em Vadovice, cidade natal do papa João Paulo II, que o canonizou em 1991. 

A festa em memória a São Rafael de São José acontece no dia 19 de novembro.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

SÃO FRANCISCO DE ASSIS NÃO ERA PADRE. VOCÊ SABIA?


Nascido Giovanni di Pietro di Bernardone, São Francisco de Assis (1182 - 1226), depois de uma juventude agitada e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem dos Franciscanos, que renovou o Catolicismo de seu tempo. 


Tornando-se um pregador itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes, dedicando-se aos mais pobres dentre os pobres, amando a todas as criaturas, chamando-as de irmãos. 

Dante Alighieri, o mais famoso dos escritores italianos, disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo"; para muitos é a maior figura do Cristianismo desde Jesus.

Vista da Basílica de S. Francisco, em Assis, cuja construção iniciou-se em 1228
Sua posição como um dos grandes santos da Cristandade se firmou enquanto ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado em 1228, menos de dois anos após falecer, e por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente.



Curiosamente, embora fosse altamente qualificado, Francisco escolheu permanecer como diácono e não se tornar um sacerdote, embora tenha durante toda a vida demonstrado muito respeito pelos sacerdotes. Francisco frequentemente dizia: “Se eu visse um anjo e um sacerdote, dobraria meu joelho primeiro ao sacerdote e depois ao anjo”. Ele sabia que os padres foram designados por Deus para um propósito especial.

Em sua humildade, sentia-se indigno de subir os degraus do altar e invocar o poder de Deus para realizar o milagre da Eucaristia. Sua memória é reverenciada no dia 4 de outubro.

domingo, 4 de novembro de 2018

O SANTO QUE DEU NOME AOS DIAS DA SEMANA

Na língua portuguesa os dias úteis da semana (de segunda a sexta) são designados de forma totalmente diferente do que nos demais países europeus e em outros que adotam as línguas desses países.

Exemplo típico são os países de língua espanhola: a segunda-feira é chamada lunes, dia da lua; a terça-feira é martes, dia de Marte; a quarta-feira miercoles, dia de Mercúrio; a quinta-feira chama-se jueves, em alusão a Júpiter; e a sexta-feira viernes, dia de Vênus. Esses nomes são alusivos a deuses pagãos da civilização romana. Da mesma forma, os idiomas francês, inglês, italiano e alemão utilizam os nomes da raiz pagã. 

Em algumas nações, fortemente marcadas pelo cristianismo, escaparam os dias de descanso que tomam os nomes ligados ao preceito religioso: o sábado, que recorda o “Sabat” judaico (Deus descansou ao sétimo dia) e o domingo, do latim dominus, que quer dizer dia do Senhor, em alusão à ressurreição de Jesus Cristo. Apesar disso, nos países de língua inglesa, o domingo é chamado sunday, que quer dizer dia do sol.


O  responsável pelo fato da língua portuguesa adotar um sistema diferente, sem referências ao paganismo,  foi São Martinho de Dume. Martinho era natural da Panônia, província romana situada no território da atual Hungria, tendo nascido presumivelmente no ano de 520. 

Este santo foi bispo da cidade portuguesa de Braga, de 562 a 579, numa época conturbada em termos religiosos.  Martinho conseguiu converter ao cristianismo o rei suevo Charrarico, um monarca de origem germânica, cuja corte se situava em Braga, e, desta forma, conseguiu converter toda a região. 

Era um homem muito eloquente e sábio que procurou livrar o povo de influências pagãs,  incoerentes com a fé em Jesus Cristo. Dentro desta “limpeza” se inclui a dos dias da semana - Martinho conseguiu mudar o nome dos dias úteis, que eram chamados dias feriais - dias em que ocorriam feiras e os comerciantes faziam sua ferias.

Assim, o dia da lua passou a ser a feria secunda, o dia de Marte a feria tertia e o dia de Mercúrio a feria quarta, e assim por diante.  O primeiro dia da semana é o domingo, no qual se recorda a ressurreição de Cristo. Por isso, a segunda-feira é o segundo dia semanal, ficando bem clara a marca cristã nas denominações quotidianas.

São Martinho de Dume é o padroeiro da arquidiocese de Braga, onde está sepultado e sua memória é celebrada pela Igreja no dia 20 de março.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O USO DO INCENSO NA IGREJA


A palavra incenso tem origem no latim “incendere” que significa acender, queimar.  primeiro exemplo documentado de utilização de incenso vem da China, mais de 2000 anos antes de Cristo; era  composto de ervas e outros vegetais como cássia, canela, styrax, sândalo etc. e empregado em cerimônias religiosas. 

Da China seu uso passou para a Índia e em seguida para o resto do mundo. O comércio de incenso e especiarias como cravo, canela e pimenta tinha uma importância econômica muito grande:  caravanas traziam o produto do Oriente, passando pelo Iêmen e Arábia Saudita até chegar ao atual território de Israel e dai à Europa. 

Os judeus usavam o incenso em suas cerimônias - a Bíblia menciona-o 170 vezes e ele foi adotado pelos cristãos, acredita-se que quatro séculos depois de Cristo. Diz-se que o incenso presenteado pelos Magos a Jesus  representa a fé, simbolizando a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2).

Em nossa Igreja, sua fumaça e seu perfume representam a presença de Deus, a fé que deve nos preencher e as virtudes cristãs. 

A Instrução Geral do Missal Romano, que fixa regras para a celebração da Santa Missa permite o uso do incenso em diversos momentos:


  • durante a procissão de entrada;
  • no início da Missa;
  • antes da proclamação do Evangelho e
  • na preparação das oferendas.

Além disso, o incenso também pode ser utilizado em cerimônias fúnebres,  tanto na igreja quanto em velórios e cemitérios. Também é utilizado na Sexta-feira Santa, quando o Santíssimo está exposto e na Vigília Pascal

Em cada um desses momentos, o turíbulo (vaso que contem o incenso) deve ser balançado três vezes, para representar a Santíssima Trindade. O incenso utilizado na atualidade por nossas igrejas quase sempre vem na forma de grãos  de cor amarelo-acastanhada,  feito a partir de uma resina aromática que provém de árvores da família das bosuélias (boswellias), originária do Oriente.







  



domingo, 21 de outubro de 2018

O MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO - UM LUGAR QUE TODOS DEVEMOS CONHECER


O Museu de Arte Sacra de São Paulo existe desde 1970 e ocupa  a ala esquerda térrea do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na Avenida Tiradentes (metrô Tiradentes).

A parte mais antiga do prédio foi construída em 1774 sob orientação de Frei Antônio de Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que  mantém até hoje. Frei Galvão (1739-1822),  o primeiro santo brasileiro, está sepultado no convento.

O acervo do museu começou a ser formado por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas após a proclamação da República. É muito famoso seu acervo de presépios, destacando-se entre eles o Presépio Napolitano, com  1.620 peças, confeccionado  na Itália no século XVIII.

O acesso  é muito fácil, inclusive por trem - é possível caminhar da Estação da Luz até o Museu. Mais informações podem ser encontradas aqui 

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

SÃO FILIPE NERI E A FOFOQUEIRA

Filipe Néri (Florença, 21 de julho de 1515 — 26 de maio de 1595) era filho de Francesco e Lucrezia Neri, que faleceu quando Filipe ainda era criança. Teve duas irmãs menores, Caterina e  Elisabetta, e um irmão que morreu ainda muito pequeno.

Seu pai tinha grande amizade com os dominicanos, e os frades  do Mosteiro de São Marcos cuidaram da educação de Filipe até os  dezesseis anos foi enviado para trabalhar com um primo de seu pai em San Germano, próximo do Monte Cassino. Trabalhou tão bem que o   primo decidiu torná-lo herdeiro da sua fortuna.  Filipe, porém, preferiu afastar-se dos bens materiais, mudando-se em 1533 para Roma pensando em servir a Deus.

Ali, prosseguiu com seus estudos e foi ordenado. Fundou em 1565 a Congregação do Oratório, hoje Confederação do Oratório (Confoederatio Oratorii Sancti Philippi Nerii), também conhecida como Oratorianos ou Ordem de São Filipe Néri, uma sociedade de vida apostólica para clérigos seculares, sem votos de pobreza e obediência, que se dedicam à educação e às obras de caridade.  

Os últimos anos de sua vida foram marcados pela doença, morrendo aos  79 anos. Foi beatificado pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizado pelo Papa Gregório XV em 1622. Sua festa é celebrada em 26 de maio.

De temperamento muito alegre, é conhecido como "O Santo da Alegria" - usava com frequência a expressão   "longe de mim o pecado e a tristeza!".

Conta-se que ele era o confessor de uma  mulher muito maledicente, fofoqueira. Filipe já aconselhara muitas vezes, mas  ela não deixava o péssimo costume de falar mal dos outros. Percebendo que a mulher não conseguia deixar este vício, resolveu dar-lhe uma lição.

Após ouvi-la em confissão, com a mulher persistindo na maledicência,  como penitência mandou que a mulher, quando matasse uma galinha para comer, pegasse as suas penas, e saísse pela cidade espalhando-as ao vento. Orientou-a a voltar depois que fizesse isso.

A mulher fez o que São Filipe mandou, e voltou a falar com ele, achando que já tinha cumprido a penitência, mas o padre lhe disse: “agora, você vai voltar pelas mesmas ruas onde lançou as penas ao vento, e vai recolher cada uma delas e trazê-las aqui, sem perder nenhuma”. Respondeu a mulher: "padre, é impossível, o vento levou as penas embora...”.

Então Filipe lhe mostrou a gravidade das suas maledicências, que uma vez espalhadas, não podem ser canceladas e fazem muito mal às pessoas... 

É uma lição muito atual, para todos nós...

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O MONGE CEGO E PARALÍTICO QUE COMPÔS A "SALVE RAINHA"

Hermann von Reichenau nasceu na Alemanha no ano de 1013, era filho do Conde de Altshausen.

Nasceu muito frágil, com fenda palatina (lábio leporino),  paralisia cerebral, raquitismo e espinha bífida, uma má formação que o deixou paralítico desde o nascimento. Sua infância foi extremamente difícil, mas seus pais sempre quiseram o melhor para ele - aos sete anos de idade o colocaram em um mosteiro beneditino, onde seria educado e criado; aos 20 anos tornou-se monge. 

Hermann cresceu no mosteiro e, rapidamente descobriu que, apesar de seu corpo estar paralisado, sua mente funcionava extraordinariamente bem. Ele se transformou em um estudioso da astronomia, teologia, matemática, história e poesia. Também era um mestre dos idiomas e chegou a falar árabe, grego e latim, além de sua língua mãe. Foi mestre dos noviços de seu convento.

Mas era ainda mais notável pela sua gentil disposição e por sua devota vida interior. Era muito alegre e apesar dos seus problemas físicos, sempre sorria. 

Mais tarde, ficou cego. Foi então quando começou a compor. Sua mente e seu coração ardiam com o amor de Deus, o que o inspirou a criar alguns dos hinos e orações mais conhecidos de todos os tempos. 

Em particular, Hermann compôs a  Salve Regina (Salve Rainha) e Alma Redemptoris Mater (Mãe Amorosa do Redentor). Ambas estão na Liturgia das Horas da Igreja. A Salve Rainha, particularmente, é uma das orações marianas mais conhecidas da Igreja Católica.
Faleceu em 1054, tendo sido beatificado em 1863.

Homenageemos esse exemplo de vida e santidade lembrando a Salve Rainha em latim e em português: 
Latim
Salve, Regina, mater misericordiae!

Vita, dulcedo et spes nostra, salve!

Ad te clamamus, exsules filii Evae.

Ad te suspiramus, gementes et flentes

in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra,

illos tuos misericordes oculos

ad nos converte.

Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,

nobis post hoc exsilium ostende.

O clemens! O pia! O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Amen.



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Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia!

Vida, doçura e esperança nossa, salve!

A vós bradamos, os degredados filhos de Eva;

a vós suspiramos, gemendo e chorando

neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,

Esses vossos olhos misericordiosos

a nós volvei

e, depois desse desterro,

mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre.

Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,

para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Amém.