terça-feira, 17 de março de 2020

SÃO PAULO: TESTEMUNHO DE FÉ E ARDOR MISSIONÁRIO

Saulo, nascido em Tarso, na atual Turquia, por volta do ano 5, foi educado em Jerusalém tornando-se um um fariseu radical; os fariseus compunham um grupo de judeus que se tornaram famosos, entre outras coisas, por seu radicalismo e hipocrisia. 
Movido por ódio aos cristãos, foi enviado a Damasco (hoje capital da Síria) para castigá-los - esses castigos podiam chegar ao apedrejamento até a morte, como ocorreu com Santo Estevão.
Damasco era governada por um árabe inimigo dos judeus, mas que se uniu a eles para perseguir os cristãos, os quais eram muito numerosos nessa cidade. Vemos aqui, mais uma vez, como os maus, embora divididos entre si, se unem contra os bons.
Saulo com um grupo de soldados estava chegando a Damasco e, quando estavam próximos à porta da cidade, viram uma luz tão intensa e escutaram um som tão forte que todos caíram por terra. Saulo ouviu então uma voz lhe perguntando:
- Saulo, Saulo, por que Me persegues? Saulo respondeu:
- Quem és Tu, Senhor? A voz respondeu:
- Eu sou Jesus, a Quem  estás perseguindo. Agora, levanta-te, entra na cidade e ali te será dito o que deves fazer (At 9, 4-5).
Ele ergueu-se e percebeu que estava cego. Então, tomando-o pela mão, levaram-no para uma casa, já dentro da cidade, onde permaneceu durante três dias rezando, sem comer nem beber; acredita-se que esse fato ocorreu entre os anos 31 e 36.
Nesse ínterim, Nosso Senhor apareceu a um cristão chamado Ananias, e ordenou-lhe que fosse a uma determinada casa para curar um homem de Tarso, chamado Saulo. Surpreso, Ananias disse que esse homem vinha para Damasco em perseguição aos cristãos, mas Jesus tranquilizou-o, afirmando:
“Vai, porque este homem é um instrumento que escolhi para levar o meu Nome às nações pagãs, aos reis e aos israelitas. Pois Eu vou lhe mostrar o quanto ele deve sofrer pelo meu Nome” (At 9, 15-16).
Ananias foi até aquela residência, impôs as mãos sobre Saulo e imediatamente ele recobrou a vista. “Em seguida, levantou-se e foi batizado. Depois, alimentou-se e recuperou as forças.
“Saulo passou alguns dias com os discípulos que havia em Damasco e logo começou a pregar nas sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus. […] E deixava confusos os judeus que moravam em Damasco” (At 9, 18-20.22). 
Logo depois, já tendo adotado o nome de Paulo, partiu para a Arábia, onde permaneceu durante três anos (Gl 1, 17-18). A respeito de sua estada na Arábia, o Apóstolo diz que ele foi arrebatado “até ao terceiro Céu – se com o corpo ou sem o corpo, não sei – […] e lá ouviu palavras inefáveis” (II Cor 12, 2-4).
Enquanto realizava um retiro no Monte Horeb, onde estiveram Moisés e Elias, Nosso Senhor lhe revelou “os mistérios da Lei Nova e suas relações com o Antigo Testamento, que ele desenvolverá mais tarde numa linguagem cuja sublimidade jamais será igualada”.
Findo esse retiro, ele regressou a Damasco e continuou suas ardorosas pregações. Os judeus ímpios conseguiram convencer o governador de Damasco a colocar guardas a fim de controlar “dia e noite as portas da cidade, para matá-lo” (At 9, 24).
Durante uma noite os cristãos o levaram até uma parte alta da muralha, colocaram-no dentro de um cesto e o fizeram descer. Ele, então, dirigiu-se a Jerusalém.
Chegando lá, procurou os cristãos, “mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo” (At 9, 28).
Os cristãos de Jerusalém tinham ouvido falar do que acontecera a Saulo às portas de Damasco, mas como ele desapareceu por três anos julgavam que isso não fosse verdade.
Até que um dia Barnabé, que com ele estudara, apresentou-o a São Pedro e São Tiago o Menor (Gl 1, 18-19), contando-lhes o milagre que convertera Saulo e “como, na cidade de Damasco, ele havia pregado, corajosamente, em Nome de Jesus” (At 9, 27).
Paulo foi, então, admitido na comunidade dos cristãos de Jerusalém, e logo pôs-se a propagar nossa fé, inclusive discutindo com os judeus de língua grega. Isso despertou tantos ódios  que “procuravam matá-lo” (At 9, 29). Para livrá-lo, alguns cristãos levaram-no até Cesareia da Palestina, e dali o enviaram para sua cidade natal, Tarso (At 9, 30). Ele ficara em Jerusalém apenas durante quinze dias (Gl 1, 18).  
Conforme Nosso Senhor havia predito a Ananias (At 9, 16), Paulo sofreu  muito por ter trabalhado ardorosamente pela expansão da  Igreja. Diz ele: “Cinco vezes, recebi dos judeus quarenta chicotadas menos uma; três vezes fui batido com varas; uma vez, apedrejado; três vezes naufraguei; passei uma noite e um dia em alto-mar; fiz inúmeras viagens, com perigos de rios, perigos de ladrões, perigos da parte de meus compatriotas, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos em regiões desertas, perigos no mar, perigos por parte de falsos irmãos; trabalhos e fadigas, inúmeras vigílias, fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez” (II Cor 11, 24-27). Também escreveu muito (treze epístolas chegaram até nós), sempre divulgando o cristianismo.
Preso novamente durante cerca de um ano e meio, foi transferido para Roma depois de apelar ao Imperador, um direito que tinha por ser cidadão romano, ao perceber que não receberia julgamento justo de seu povo. 
Paulo passou então a pregar na capital, onde acabou preso e condenado à morte durante perseguição aos cristãos acontecida no reinado de Nero - este acusou os cristãos de terem incendiado a cidade. De acordo com  tradição ele foi executado ao redor do ano de 67, no local conhecido como Tre Fontane (Três Fontes). Por ser cidadão romano, teria sido decapitado, e não crucificado como a maioria dos cristãos. 

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