quarta-feira, 24 de junho de 2020

PADRE JORDAN: MILAGRE EM JUNDIAÍ

Johann Baptist Jordan nasceu em 1848, em Gurtweil, uma aldeia na Floresta Negra, Alemanha.

Filho de  família humilde, sentiu desde cedo o chamado para a vida religiosa, mas desde criança precisou trabalhar para ajudar o sustento da família; apenas mais tarde pode iniciar seus estudos, graças à generosidade de  benfeitores. Ordenado sacerdote, em 1878, adotou o nome de Franziskus Maria vom Kreuze Jordan (em português, Francisco Maria da Cruz Jordan). 

Ainda estudante,  foi dominado pela ideia de fundar uma organização que uniria todas as forças católicas para defender e difundir a fé.

Depois de sua ordenação, devido às leis anti-católicas vigentes na Alemanha,  mudou-se para Roma, a fim de estudar idiomas orientais. Empreendeu uma viagem ao Oriente Médio para aperfeiçoar seus conhecimentos desses idiomas, tendo peregrinado à Terra Santa. 

Em 1881, logo após seu retorno,   recebeu  autorização do Papa Leão XIII para criar o que viriam a ser a Sociedade do Divino Salvador (para homens) e a Congregação das Irmãs do Divino Salvador (para mulheres).


Os salvatorianos estão espalhados pelo mundo, dedicando-se à educação e atuando como missionários - em nossa cidade, mantém o Colégio Divino Salvador e administram a paróquia de Vila Arens (foto da igreja mais abaixo); a foto mostra o Colégio nos anos 1950, quando ainda chamava-se Ginásio Divino Salvador; ali funcionava também um Seminário Menor salvatoriano. 

Agora, os salvatorianos e toda a comunidade católica de Jundiaí recebem uma ótima notícia:   o Papa Francisco  autorizou a promulgação do decreto relativo a milagre atribuído à intercessão do  Padre  Jordan; com este ato, está   aberto o caminho para sua beatificação.  

O milagre  aconteceu aqui em Jundiaí.  Um  casal foi informado pelos médicos de que o bebê que  esperavam sofria de uma doença incurável nos ossos: displasia esquelética. 

Membros do grupo de Leigos e Leigas Salvatorianos, começaram a rezar pedindo a intercessão do  Padre Jordan, convidando os outros membros do grupo a fazerem o mesmo. A bebê nasceu completamente sã, no dia 8 de setembro de 2014, festa da Natividade de Nossa Senhora e aniversário de morte de Padre Francisco Jordan.

Vale lembrar que  Padre Alberto Simionato, que foi nosso Reitor, assim como vários membros da comunidade do Santuário, foram alunos do Colégio Divino Salvador, e certamente estão muito felizes com essa notícia.  

segunda-feira, 22 de junho de 2020

IRMÃ THEA BOWMAN, SERVA DE DEUS

Nascida Bertha Bowman em 1937, no estado americano do Mississipi, era neta de escravos; seu pai era médico e a mãe professora. Sua família era protestante, pertencia à Igreja Metodista, mas ela, aos nove anos, converteu-se ao catolicismo, com a permissão de seus pais.

Bastante jovem foi admitida na congregação das Franciscan Sisters of Perpetual Adoration (Irmãs Franciscanas da Perpétua Adoração), uma ordem nascida nos Estados Unidos. 

Adotando o nome de Thea, cursou a   Viterbo University, dirigida por sua congregação; em seguida, fez mestrado e doutorado na  Catholic University of America. Foi professora primária e mais tarde professora universitária, tendo trabalhado, entre outras, nas duas universidades onde estudou. 

Era também ligada à música, como cantora e compositora; criou o hinário "Lead Me, Guide Me: The African American Catholic Hymnal" (Lidera-me, Guia-me: O Hinário Católico Afro-americano), voltado à comunidade negra americana, frequentemente vítima de posturas racistas, inclusive por parte de católicos.

Em função de sua experiência como professora, passou a trabalhar com problemas derivados dessas posturas, atuando como palestrante ao redor do mundo, falando da necessidade de culturas diferentes serem preservadas, mas sempre celebrando "a alegria de sermos um em Cristo". 

Morreu de câncer em 1990, aos 52 anos. Poucos dias antes de morrer, em uma cadeira de rodas fez um discurso memorável à Conferência Nacional dos Bispos dos Estados Unidos; foi uma fala emocionante sobre raça e catolicismo, ao final da qual todos os presentes, em pé, cantaram seu hino  'We Shall Overcome' (Nós Vamos Superar), um "spiritual", um tipo de canto cristão norte-americano.

Seu trabalho foi amplamente reconhecido, tendo recebido inúmeras homenagens; uma importante herança que nos deixou foi a Sister Thea Bowman Foundation (Fundação Irmã Thea Bowman), uma entidade que se dedica a levantar fundos para bolsas de estudos destinadas a negros pobres.

Ela recebeu o título de Serva de Deus, que é dado  a todos os que tem seu processo de canonização iniciado.  

Podemos assistir aqui um curto vídeo, muito interessante, sobre a vida da Irmã Thea. O vídeo é produzido pelo Sheen Center, uma entidade da Arquidiocese de Nova Iorque, destinada a divulgar a cultura católica. 

O nome da entidade homenageia o Arcebispo Fulton J. Sheen, de quem já falamos neste blog

sábado, 20 de junho de 2020

QUEM ERAM OS GÁLATAS?

Com frequência ouvimos falar da epístola de Paulo aos gálatas, habitantes da Galácia, nome que era dado a uma região situada na área central da atual Turquia - era a área assinalada pela seta que aparece no mapa. Na época de Paulo, era uma província romana.

Acredita-se que a  carta foi escrita ao redor do ano 50, quando Paulo estava em Éfeso, uma cidade da atual Grécia. 

Ali, ele recebeu más notícias vindas da Galácia: os cristãos da região vinham sendo influenciados por pessoas que propunham a necessidade de práticas religiosas dos judeus para a salvação, praticamente deixando de lado os ensinamentos de Jesus.

Visando esclarecer os gálatas, Paulo escreveu-lhes  uma carta  enérgica, em seis capítulos, advertindo-os acerca dessa má influência; na carta, a expressão "Lei"  refere-se às práticas religiosas dos judeus.

Trechos marcantes da carta são aqueles em que Paulo escreve: O homem não se justifica pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Pelas obras da Lei ninguém será justificado. Se volto a edificar o que demoli, sou um transgressor" e  "Eu vivo a vida atual pela fé, a do Filho de Deus, que me amou e se entregou  por mim. Se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu em vão”.

A leitura dessa carta fortalece nossa fé, alertando-nos quanto ao perigo de desvios   

quarta-feira, 17 de junho de 2020

SÃO JOHN FISHER: CARDEAL, INTELECTUAL E MÁRTIR

John Fisher (1469 - 1535) foi um cardeal, intelectual e educador inglês, martirizado durante o reinado de Henrique VIII. 

É venerado como santo não apenas pela nossa Igreja, mas também pela Igreja Anglicana, sendo famoso seu retrato pintado pelo alemão Hans Holbein, que ilustra este post.

Filho de uma família rica, estudou na Universidade de Cambridge, até hoje uma das mais importantes do mundo, onde doutorou-se em Teologia. Em 1504, foi nomeado reitor vitalício dessa universidade.

Iniciou sua vida sacerdotal como vigário da pequena cidade de Northallerton; mais tarde, já como bispo, foi tutor do futuro rei Henrique VIII.

Já rei, Henrique desejava  ter um filho homem,  por acreditar que uma mulher não seria capaz de consolidar sua dinastia. Isso levou-o  a casar-se seis vezes, inclusive mandando executar duas de suas esposas e a separar-se de outras para casar-se novamente, na busca de um filho homem; tinha uma vida desregrada, com amantes, muita bebida etc. Quando resolveu deixar sua primeira esposa, pediu ao Papa Clemente VII que anulasse seu casamento, o que foi negado - São John também era contra. 

Em função disso, Henrique declarou-se chefe da Igreja na Inglaterra, deixando de reconhecer a autoridade do Papa. Mais uma vez São John foi contra essa medida, tendo por isso sido preso, julgado, condenado e executado em 22 de junho de 1535 - enquanto estava  preso, foi  criado     cardeal  pelo Papa Paulo III. Em 1886 o Papa Leão XIII beatificou-o, tendo sido canonizado em 1935 pelo Papa Pio XI. 

Na mesma ocasião, e pelas mesmas razões, foi também  executado Thomas More, filósofo, diplomata, escritor e homem de estado - seu retrato, também pintado por Hans Holbein, está ao lado. 

A condenação desses homens, é considerada pela Igreja Católica como consequência da fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário do Estado. Isso os levou à canonização.

terça-feira, 16 de junho de 2020

A DEVOÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS

As primeiras indicações de devoção ao Sagrado Coração são encontradas nos séculos XI e XII, nos mosteiros beneditinos e  cistercienses; é impossível dizer com certeza quais foram os primeiros textos a respeito da devoção ou quem foram os primeiros devotos.

A devoção, em sua forma atual, teve origem  nas aparições de Jesus a  Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), freira francesa. Foram várias aparições, entre 1673 e 1675.

Em uma delas, Jesus exibiu seu coração, dizendo: "Eis o coração que amou os homens. ... Em vez de gratidão, recebo da maior parte (da humanidade) apenas ingratidão". Como forma de reparação, Jesus pediu para ser honrado pela  recepção da Comunhão na primeira sexta-feira de cada mês, pela adoração eucarística durante uma "hora santa" às quintas-feiras e pela celebração da festa do Sagrado Coração.

Outra fonte para a divulgação da devoção foram as visões de Jesus que teve a freira Maria do Divino Coração (1863 a 1899, foto ao lado), condessa de Droste zu Vischering, a primeira delas quando ainda vivia no castelo de sua família na Alemanha, e a última quando já era a Madre Superiora do convento das Irmãs do Bom Pastor, no PortoPortugal.

Ela revelou suas visões ao  seu confessor, nas quais Jesus lhe pedia que dissesse ao Papa Leão XIII que este deveria consagrar o mundo inteiro ao Sagrado Coração. O padre fez o pedido chegar ao Papa, que  fez a consagração em 1899, coincidentemente, no dia seguinte à morte da freira, que foi beatificada em 1976 pelo Papa Paulo VI.

Muitos santos, como São Francisco de AssisSão Tomás de AquinoSanta Teresa de ÁvilaSão BoaventuraSanto Inácio de LoyolaSão Francisco Xavier, Santo Afonso Maria de Ligório, São Filipe NériSão Francisco de SalesSão Luís Gonzaga e Santa Faustina, entre outros, manifestaram sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Seguir o exemplo desses santos seria útil para todos os católicos.  

sábado, 13 de junho de 2020

OS SAMARITANOS, DE QUEM OS EVANGELHOS NOS FALAM

Durante as leituras, na Santa Missa, frequentemente há menção aos samaritanos, algumas das quais lembramos:

- quando os samaritanos não hospedam Jesus por este ser judeu (Lucas 9:51);

- quando Jesus ordena aos discípulos que não entrem nas cidades dos samaritanos (Mateus 10:5);

- a parábola do bom samaritano (Lucas 10:25), que narra como uma pessoa vítima de um ataque de ladrões foi socorrida por um samaritano depois de ser ignorada por judeus  e,

- quando Jesus pede água à mulher samaritana (João 4) e esta se surpreende por ter um judeu se dirigido a ela.

Em todas essas passagens, fica claro que havia uma animosidade entre os judeus e os samaritanos, que inicialmente eram um mesmo povo, mas que se dividiu por razões de divergências de ordem religiosa. 

Outros fatores contribuíram para essa animosidade,  mas  é preciso voltar no tempo para entende-la melhor.

Em torno do ano 600 antes de Cristo, Nabucodonosor II, rei da Babilônia (hoje Iraque) atacou Jerusalém e levou os judeus como escravos para seu reino, onde ficaram até mais ou menos  537 a. C, quando os babilônios foram derrotados pelo rei da Pérsia (hoje Irã) Ciro II, que permitiu aos judeus voltarem à sua terra.

Ali chegando, encontraram os samaritanos vivendo em várias pequenas cidades e povoados que antes pertenciam aos judeus. A partir dai, os dois povos passaram a conviver de forma pouco amistosa, até os tempos de Jesus, já sob o domínio dos romanos.

No ano de 70 depois de Cristo os romanos terminaram de sufocar mais uma revolta dos judeus; mais de um milhão deles morreram, e o Templo de Jerusalém foi destruído, restando apenas o Muro das Lamentações. Os poucos sobreviventes foram expulsos da região. 

Naquela ocasião, muitos samaritanos foram também mortos, mas os sobreviventes continuaram vivendo na área, embora seu número venha progressivamente diminuindo. 

Sua religião ainda tem alguns pontos de contato com o judaísmo e na atualidade  estima-se que sejam pouco mais de 800 pessoas, vivendo nas cidades de Tel Aviv (Israel) e Nablus, na Palestina.  A foto ao lado mostra alguns deles durante uma celebração.




sexta-feira, 5 de junho de 2020

A CIDADE DO VATICANO

A bandeira do Vaticano
A Cidade do Vaticano, chamada simplesmente Vaticano e oficialmente Estado da Cidade do Vaticano (em latim Status Civitatis Vaticanæ), é um estado soberano, um país, sede de nossa Igreja.

É uma área de 0,44 km² (algo como 1.000 por 440 metros) encravada no centro da cidade de Roma, com uma população de aproximadamente mil pessoas; seu mandatário é o Papa.

Enquanto país, teve suas origens a aproximadamente mil anos, quando os papas passaram a governar partes do que hoje são a Itália e o sul da França; inclusive,  entre 1309-1377, os papas residiram em Avinhão, que hoje faz parte da França.

Com o passar do tempo, os papas foram perdendo poder temporal e o território que governavam passou a ser apenas boa parte da atual Itália, que não era um país, mas sim um conjunto de pequenos reinos, ducados, condados etc. 


Pio IX
Pio XI
No século XIX, iniciou-se um processo de unificação da Itália, que culminou em 1870, quando as tropas do rei Vítor Emanuel entram em Roma e incorporam a cidade à Itália. Em 1871 o rei ofereceu ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como chefe do que é hoje o Estado do Vaticano. O papa recusou-se a reconhecer a nova situação e declarou-se prisioneiro do rei.



Esta situação perdurou até 1929, quando foi assinado o Tratado de Latrão, pelo qual a Itália reconhece a soberania do Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável, sob a autoridade do papa. Além disso, ficam sob a autoridade do Vaticano o palácio de Castelgandolfo e as basílicas de São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros.

Por outro lado, o Vaticano renunciou aos territórios que havia possuído no passado e reconheceu Roma como capital da Itália; na época, dirigia a Igreja o Papa Pio XI.