domingo, 19 de abril de 2020

SANTA MARIA EGIPCÍACA - DA VIDA EM PECADO À SANTIDADE

As poucas informações que temos sobre Santa Maria Egipcíaca, também conhecida como Santa Maria Egípcia ou Santa Maria do Egito vem do livro "Vida de Santa Maria do Egito", escrito por São Sofrônio

Ela nasceu no Egito, tendo vivido aproximadamente entre os anos 344 e 422. Aos doze anos foi viver em Alexandria, uma grande cidade, onde passou a dedicar-se à prostituição; São Sofrônio relata que fazia isso não apenas por dinheiro, mas também buscando os prazeres da carne. 

Vivia assim há dezessete anos quando viajou
para Jerusalém, fazendo parte de um grupo de peregrinos - afirmava que esperava encontrar entre os peregrinos mais parceiros para a sua luxúria e viver aventuras. Em Jerusalém, seguiu vivendo como de hábito.

São Sofrônio conta-nos que, certa vez, quando Maria tentava entrar na  Igreja do Santo Sepulcro (foto ao lado, mostrando a entrada da igreja e grupo de peregrinos do Santuário) uma força invisível a impediu. Consciente de que isso aconteceu por causa de seu impureza, sentiu um forte arrependimento e, ao ver uma imagem de Nossa Senhora fora da igreja, rezou implorando perdão e prometeu renunciar ao mundo.

Mais tarde tentou de novo entrar na igreja, e desta vez conseguiu. Depois de venerar a relíquia da Cruz de Cristo que era ali guardada, regressou à imagem de Nossa Senhora em ação de graças, tendo escutado uma voz que lhe dizia "Se cruzares o Jordão, encontrarás um glorioso descanso". De imediato dirigiu-se para o mosteiro de São João Batista na margem do rio Jordão, onde recebeu a comunhão.

Na manhã seguinte cruzou o Jordão e retirou-se para o deserto onde viveu o resto da sua vida como uma eremita. Segundo a lenda, levou para si apenas três pães (símbolo da Eucaristia) e viveu do que podia encontrar na natureza.



Aproximadamente um ano antes da sua morte, após cerca de 47 anos de solidão, contou a sua vida a São Zózimo da Palestina, que se tinha encontrado com ela no deserto, por acaso - ele fora para o deserto para passar uma parte da Quaresma, como era comum naquela época. Este, quando a viu, notou que ela estava completamente nua e quase irreconhecível como ser humano. Maria pediu a Zózimo o seu manto para se cobrir e contou-lhe a história da sua vida. Esse episódio é reproduzido em uma pintura na basílica de Assis, Itália.

Combinaram encontrar-se de novo na Quinta-feira Santa do ano seguinte, quando Zózimo lhe levaria a Comunhão. No ano seguinte, Zósimo foi para o lugar onde se encontraria com ela, a vinte dias de viagem do seu mosteiro, e aí a encontrou morta.

De acordo com uma inscrição  na areia ao lado da cabeça, tinha morrido na mesma noite em que tinha recebido a Santa Comunhão, tendo seu corpo sido preservado incorrupto. Zózimo, segundo a lenda, enterrou-a com a ajuda de um leão do deserto. No regresso ao mosteiro, relatou a historia de Maria aos irmãos, tendo esses fatos chegado mais tarde a São Sofrônio.


Santa Maria do Egito é representada como uma anciã de cabelos brancos e pele escurecida pelos longos anos no deserto, nua ou coberta pelo manto de Zózimo. Aparece muitas vezes com os três pães que levou para o deserto.

Há uma capela dedicada a Santa Maria do Egito na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, lembrando o momento da sua conversão.


Ela é venerada como a patrona das mulheres penitentes, tendo sua vida inspirado o surgimento de diversas casas mantidas por religiosas que se destinavam a acolher mulheres que deixavam a prostituição.

É lembrada por nossa Igreja no dia 22 de abril, como um exemplo de que é possível abandonar uma vida de pecado e voltar-se para Deus - Maria disse a S. Zózimo que, depois de sua vida de pecadora tinha como objetivo "se entregar virginalmente ao Divino Esposo".

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