domingo, 10 de maio de 2020

JULIANA DE NORWICH E AS REVELAÇÕES DO AMOR DIVINO

Na Inglaterra  nasceram muitas figuras ilustres que, com o seu testemunho e o seu ensinamento, construíram a história da Igreja. 

Como nos diz Bento XVI, uma delas, venerada tanto pela Igreja católica como pela anglicana, é  Juliana de Norwich. As informações de que dispomos sobre a sua vida não são muitas; acredita-se  que viveu aproximadamente entre 1342 e 1430. Foram anos difíceis tanto para a Igreja, dilacerada por questões políticas,  como para a  população que sofria as consequências de uma longa guerra entre a Inglaterra e a França. A imagem ao lado mostra um detalhe da estátua de Juliana que ornamenta a fachada da catedral de Norwich.

Porém, mesmo nos tempos de tribulação, Deus não cessa de nos dar figuras como Juliana de Norwich, para chamar-nos à paz, ao amor e à alegria. Como ela mesma nos narra, no dia 13 de maio de 1373, foi atingida por uma doença gravíssima e repentina, que em três dias deu a impressão de que iria levá-la à morte. 

Depois que um sacerdote, tendo acorrido à sua cabeceira, lhe mostrou o Crucifixo, Juliana não só readquiriu prontamente a saúde, mas teve 16  revelações que  registrou e comentou no seu livro "Revelações do Amor Divino" - consta que esse foi o primeiro livro escrito em língua inglesa por uma mulher

O livro é um excepcional tratado sobre o amor de Deus, onde a autora escreve sobre a Encarnação, a Redenção, a Divina Consolação, bem como sobre o pecado, a penitência e outros aspectos da vida espiritual - é uma  mensagem de otimismo fundada na certeza de sermos amados por Deus e protegidos pela sua Providência, nas palavras de Bento XVI. Um trecho inicial do livro pode ser visto aqui.

Juliana de Norwich compreendeu e registrou a mensagem central para a vida espiritual: Deus é amor, e só quando nos abrirmos, totalmente e com confiança integral, a este amor, e deixarmos que ele se torne o único guia de nossa existência, tudo se mudará, levando-nos a encontrar a verdadeira paz e a autêntica alegria, tornando-nos capazes de difundi-las ao nosso redor. 

Até sua morte, Juliana viveu como uma anacoreta - anacoretas eram pessoas que viviam em retiro e solidão, especialmente nos primórdios do cristianismo, dedicando-se à oração e à escrita de liturgias, a fim de alcançar um estado de graça e pureza de alma pela contemplação.  Vivia em  uma cela, junto à igreja de São Juliano, na cidade de Norwich,   nos arredores de Londres. Não se tem certeza sequer acerca de seu verdadeiro nome - é possível que tenha adotado Juliana em função de sua devoção a São Juliano. 

Sabemos que também Juliana recebia visitas frequentes, como nos é contado na autobiografia de outra cristã fervorosa do seu tempo, Margery Kempe, que foi a Norwich em 1413 para receber sugestões sobre a sua vida espiritual. Eis porque motivo, quando Juliana ainda vivia era chamada, como consta na lápide de seu túmulo: «Mãe Juliana», conforme a foto acima.

É interessante saber que a pequena igreja de São Juliano, que fora construída em 1070, foi destruída em 1942 por uma bomba lançada por um avião nazista. A igreja foi reconstruída, e na parte central da foto aparece a cela de Juliana.





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